segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Os melhores de 2010

2010 está terminando. Hora de olhar para trás e ouvir novamente os lançamentos do ano e decidir aquela famosa lista de favoritos. E, tenho que admitir, 2010 foi bem legal para o heavy metal, com muitos discos de qualidade e algumas boas surpresas. Mas é impossível comentar álbum por álbum. Exatamente por isso será mais fácil analisar mês a mês e elencar aqueles que se destacaram.  

Janeiro começou fraco. Mesmo assim, Ironbound, dos veteranos thrashers do Overkill, agora no cast da Nuclear Blast, e To The Metal, do Gamma Ray, foram muito bem recebidos pelos fãs. Mas o grande destaque do mês é The Never Ending Way Of ORwarriOR, dos israelenses do Orphaned Land, um dos grandes discos de 2010.

Em fevereiro as coisas começaram a acelerar e muitas bandas conseguiram se destacar em meio a um mar de lançamentos. Qualquer um entre Universal, do Borknagar, Easton Hope, do Orden Ogan (uma das boas novidades da Alemanha), Everything Remains As It Never Was, do Eluveitie (que toca no Brasil em fevereiro de 2011) e Festival, do Jon Oliva’s Pain, poderia ser o destaque do mês. No entanto, essa honra é de Strings To A Web, do Rage. O trio alemão se superou e conseguiu superar seu (bom) disco anterior com uma folga enorme.

Março não conseguiu um representante que me agradasse a ponto de ser citado aqui, mas abril foi repleto de bons discos se você é apreciador de metal melódico. O Rhapsody Of Fire lançou o bom The Frozen Tears Of Angels, mostrando uma evolução monstruosa em seu tarantela metal, e o Avantasia concluiu sua trilogia com dois lançamentos simultâneos, Angel Of Babylon e The Wicked Symphony, onde o destaque é a constelação de convidados, em especial Klaus Meine, do Scorpions, e Jon Oliva, que teve uma participação brilhante na faixa Death Is Just A Felling, do Angel Of Babylon.

Três pancadarias monstruosas merecem serem citadas entre os destaques de Maio, Discipline Of Hate, do Korzus, Exhibit B: The Human Condition, do Exodus, e o auto-intitulado disco de estréia do Musica Diablo. Além disso o Nevermore lançou The Obsidian Conspiracy, e o Pain Of Salvation abraçou o rock dos anos 70 em seu Road Salt One. O grande destaque é a brasileira Madgator, que enfim conseguiu lançar seu primeiro álbum, auto-intitulado, mostrando um hard rock/heavy metal muito acima da média.

Dois álbuns se destacaram sozinhos em junho e julho, respectivamente. The Seraphic Clockwork, do Vanden Plas, já resenhado neste blogue, e At The Edge Of Time, nono álbum do Blind Guardian, que era muito aguardado pelos fãs e agradou de forma quase unânime.

Agosto foi um mês bastante movimentado, com os lançamentos de Aqua, do Angra, e Heaven’s Venom, dos canadenses do Kataklysm. Dois discos poderiam ser citados como destaque do mês, Blood Of The Nations, do reformulado Accept e The Final Frontier, do Iron Maiden. Fico com o álbum dos alemães, que conseguiram soar dentro de suas características, mas com uma pegada rejuvenescida.

Poetry For The Poisoned, do Kamelot, Made Of Metal, do Halford, Consequence Of Power, do Circle II Circle, Sitra Ahra, do Therion, Static Impulse, de James Labrie, e Abrahadabra, do Dimmu Borgir colocam o mês como um dos mais intensos de 2010. O grande destaque fica com Relentless Retribution, do Death Angel, cuja turnê trouxe a banda ao Brasil pela primeira vez.

Outubro teve a tentativa do Helloween de voltar ao heavy metal com o razoável 7 Sinners. Mas quem recuperou algum status foi o Grave Digger, com o ótimo The Clans Will Rise Again. Os veteranos do Forbidden voltaram à cena com o pesadíssimo Omega Wave, e o grande destaque fica sendo Unrestricted, do Symphorce, já resenhado neste blogue.

Os lançamentos de novembro foram completamente ofuscados por Victims Of The Modern Age, novo álbum do projeto Star One, de Arjen Lucassen, dono também do Ayreon e do Guilt Machine. O disco traz atuações belíssimas dos vocalistas Floor Jansen, Damien Wilson, Dan Swanö e Russell Allen, além de conseguir se igualar ao disco de estréia, Space Metal, de 2002, algo que nem os fãs mais fanáticos poderiam imaginar.

Dezembro ainda não terminou, mas acredito que todos devem concordar comigo que nada baterá The Wörld Is Yours, do Motörhead, certo?

Em síntese acredito que, se tivesse que escolher apenas cinco dentre todos os que mereceram serem citados, acho que ficaria com os álbuns de Orphaned Land, Rage, Madgator, Symphorce e Star One, abrindo aí a possibilidade de um deles cair fora para abrigar o próximo clássico de Lemmy e Cia.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Awaken The Guardian remasterizado

Em 2005 a gravadora Metal Blade fez um relançamento especial do álbum Awaken The Guardian, do Fates Warning, lançado originalmente em 86. Nesse relançamento o áudio foi todo remasterizado, além de terem sido incluídos dois discos com material bônus. Um pacote bastante justo para um disco que pode ser encarado como um dos principais motivos pelo qual existe hoje o prog metal.

Awaken The Guardian solidificou o som que o Fates Warning já tinha demonstrado em seus dois trabalhos anteriores, Night Ön Brocken, de 84, praticamente uma demo alçada à condição de álbum, e The Spectre Within, de 85, que já demonstrava personalidade, embora as influências de Iron Maiden fossem ainda bastante perceptíveis. Aquele heavy metal com forte cacoete dos clássicos ingleses ainda estava lá, mas as composições de Jim Matheus, John Arch e Frank Aresti vinham carregadas de suas próprias características, sendo, talvez, a principal delas as constantes mudanças nos tempos das músicas. O Fates Warning ainda aprimorou seu som nos álbuns seguintes, mas Awaken The Guardian reserva pra si a condição de marco zero.

Esse foi o último álbum com a participação do vocalista John Arch, que deixou a banda e foi substituído por Ray Alder (que está na banda até hoje). O vocal de Alder combinou perfeitamente com a música desenvolvida pelo Fates Warning, mas os fãs sentem saudades de Arch. O primeiro vocalista tinha um estilo bastante peculiar, com agudos fortes, uma interpretação ímpar e, sobretudo, qualidade para reproduzir essas características ao vivo de forma praticamente perfeita.

Awaken The Guardian não é um clássico à toa. A primeira metade do álbum tem quatro músicas que estão entre as preferidas dos fãs até hoje, The Sorceress, Valley Of The Dolls, Fata Morgana e Guardian. A segunda metade começa com Prelude To Ruin e Giant’s Lore (Heart Of Winter), ambas com muitas mudanças de andamento e refrãos marcantes. A pequena instrumental Time Long Past serve de prelúdio para a última faixa, Exodus, uma das melhores de toda a carreira do Fates Warning e que resume, sozinha, toda a musicalidade do disco.

Nos bônus se destaca o DVD com o show em Sundance, de dezembro de 86. Trata-se de uma filmagem bastante amadora convertida e trabalhada para ficar em condições aceitáveis para esse lançamento. No entanto, a qualidade ainda é bastante sofrível, motivo pelo qual a banda até pede desculpas na introdução do show. Só que a qualidade é o de menos, já que essa é, provavelmente, a única gravação de um show da turnê de Awaken The Guardian. E a banda é praticamente perfeita no palco. O vocalista John Arch se destaca com uma performance acima da média, enquanto a dupla de guitarristas, Jim Matheus e Frank Aresti, consegue reproduzir de forma precisa o foi gravado nos álbuns. O baterista Steve Zimmerman e o baixista Joe DiBiase fazem suas partes adequadamente também, embora a qualidade do som do vídeo os prejudique em diversos momentos.

Um depoimento de um fã no encarte desse relançamento do Awaken The Guardian resume bem o sentimento da época e o impacto que o disco teve sobre ele. “Eles tinham o exato som que eu estava procurando em uma banda nova. O primeiro álbum que eles lançaram após eu me tornar fã foi o Awaken The Guardian. Eu estava muito interessado em saber o que eles iam fazer em seguida e não fiquei nem um pouco decepcionado. De fato, eu fiquei completamente estupefato. Eu devo ter ouvido esse disco uma mil vezes, conhecendo cada quebrada e cada volta no tempo (e tinha um monte delas)”.

Esse fã ainda elogia de forma bastante efusiva todo o disco, e conta que esteve no show de 86 em Sundance, quando entregou a Jim Matheus e John Arch a demo de sua banda e como, no dia seguinte, recebeu um telefonema do guitarrista, dando início a uma amizade que dura até hoje. A demo em questão era de uma banda chamada Majesty e o fã era o seu então jovem baterista, Mike Portnoy.


terça-feira, 9 de novembro de 2010

Symfonia: será que vai dar certo?


Quando uma banda surge já com o apelido de supergrupo as expectativas vão rápido para o alto. Nos últimos casos essas super bandas até tem conseguido certo sucesso, como rolou com o Chickenfoot e o Black Country Communion. Mas nem todas atingem o objetivo de conquistar rapidamente um espaço garantido entre os fãs somente graças ao renome de seus integrantes.

O mais novo dream team do heavy metal é o Symfonia. Timo Tolkki (guitarra), André Matos (vocal), Uli Kusch (bateria), Jari Kainulainen (baixo) e Mikko Härkin (teclado) juntos reúnem pré-requisitos e currículos suficientes para conquistar pelo menos o interesse do fã de heavy metal melódico. A previsão é a de que o quinteto comece a gravar seu primeiro álbum no final de 2010, para que o disco seja lançado no início do ano que vem, próximo à primeira aparição ao vivo do Symfonia, marcada para fevereiro, na Finlândia.

Mas se formos avaliar o histórico desses músicos é possível ver se desenhar um fim não muito distante para o quinteto. Por outro lado, uma análise mais otimista revela uma banda com potencial para ser uma das grandes no heavy metal melódico logo em seu primeiro álbum.

O primeiro caso a ser analisado é o do guitarrista Timo Tolkki. Grande responsável por transformar o Stratovarius num fenômeno do metal melódico, conseguindo emplacar pelo menos dois álbuns numa discografia essencial do estilo. Mas o músico se envolveu em diversos problemas pessoais, que culminaram numa separação esquisita entre ele e sua banda. Muito foi dito e desdito via mídia, mas o resultado é que o Stratovarius hoje, sem Tolkki, é apenas uma sombra do que foi num passado recente, enquanto o guitarrista não conseguiu levar sua banda seguinte, a Revolution Renaissance, adiante; graças a um profundo desinteresse do público, segundo ele, seu fim foi decretado com apenas dois álbuns lançados.

Outro a ter seu caso observado de perto é o de Uli Kusch. Embora seja um exímio baterista e um grande compositor, é sabido que Kusch falha no quesito grupo. Quando no Helloween, acabou entrando em atrito com seus ex-companheiros e, junto com Roland Grapow, montou o Masterplan, na época apelidado também de supergrupo. E o disco de estréia do Masterplan foi um grande sucesso, com músicas fantásticas e um desempenho acima da média de Kusch. Mas aí ele entrou novamente em atrito com seus companheiros e deixou a banda. Seus projetos seguintes, Beautiful Sin (com a excelente vocalista Magali Luyten) e o Ride The Sky (que teve seu fim precoce vinculado a um fracasso de vendas), tiveram apenas um disco cada, embora ambos tenham demonstrado muita qualidade.

Já o vocalista brasileiro André Matos é um caso a parte, embora tenha lá suas semelhanças com os casos de seus colegas de Symfonia. Quase uma unanimidade em seu país, o músico parecia fadado a ter uma história irretocável no Angra, quando um racha na banda o levou a outros ares. A continuidade de sua carreira se deu no Shaman, onde ampliou sua musicalidade, mas onde também encontrou problemas. Então decidiu seguir adiante com uma carreira solo, tendo lançado, até agora dois discos muito bons. E discos bons são uma constante em sua carreira, pois não há o que Matos tenha gravado que não seja digno de nota. 

O baixista do Symfonia é mais um que traz do passado algumas histórias não muito animadoras. Jari Kainulainen fez parte do auge do Stratovarius, mas se separou da banda (de forma bastante estranha) antes dos últimos fatos envolvendo a saída de Tolkki. Após isso integrou o Evergrey, com quem gravou o ótimo disco Torn (08), antes de abandonar o barco por melhores salários em outro grupo.

Após tudo isso é possível saber se a Symfonia vai funcionar? Não se pode afirmar isso. O que se pode fazer é torcer para que a música, enquanto for a motivação principal do quinteto, seja realmente boa como o histórico de seus músicos indica que será. E se esse histórico ficasse apenas relegado à música, poderíamos ser apenas otimistas com essa super banda. Como não é o caso, a gente também fica no aguardo de algum dos músicos pisar na bola e, com o perdão do trocadilho, atravessar a sinfonia.

domingo, 24 de outubro de 2010

Death Angel: São Paulo Bay Area

Em sua primeira passagem por São Paulo o Death Angel foi avassalador. Donos de um show potente, pesado e extremamente carismático, os thrashers norte-americanos impressionaram, e por sua vez, saíram impressionados com o público paulistano.

Liderados pelo vocalista Mark Osegueda e pelo excepcional guitarrista Rob Cavestany, o Death Angel subiu ao palco pouco antes das 21h30 e presenciou mosh pits e stage dives durante toda a sua apresentação. Até pensei, a princípio, que a freqüência e insistência dos brasileiros em cima do palco chegaria a incomodar os músicos. Mas eles não só incentivaram como Osegueda mesmo saltou em cima da galera no final da apresentação. Show de thrash metal não poderia mesmo ser diferente.

O set list priorizou dois períodos distintos e extremos da carreira da banda, priorizando os clássicos do primeiro disco, The Ultra-Violence (87), e do último, Relentless Retribution (10), mas não deixando de fora algumas faixas essenciais de seus outros álbuns.

I Chose The Sky, do novo álbum, foi a escolhida para abrir o show, seguida por Evil Priest e Buried Alive, num trinca que grande parte do público nem prestou muita atenção porque estava engajada numa roda tão grande que em alguns momentos a coisa parecia mesmo que duas torcidas uniformizadas rivais tinham se encontrado ali na frente do palco.

A pancadaria continuou com Voracious Souls e mais duas do novo disco, Relentless Retribution e Claws In So Deep. Seemingly Endless Time e Stop, primeiras a serem executadas do Act III (90), realmente tocaram o público, e pra mim esse foi o grande momento da noite. 3th Floor, This Hate e Throw To The Wolves, única do The Art Of Dying (04), formaram o final da primeira parte do show, quando a banda deixou o palco antes do encore.

Lord Of Hate, do Killing Season (08), reiniciou o show, mas já dando mostras de que o fim estava a poucas músicas dali, sobretudo porque a casa de show abrigaria outro evento após a apresentação do Death Angel.

Falling Asleep, Truce, Thrashers e Kill As One, que teve parte de The Ultra-Violence como intro, finalizaram a apresentação do Death Angel de forma estupenda, conseguindo arrancar reações muito emocionadas por parte do público, fãs que há vinte anos esperavam para ver esse ícone do thrash metal da Bay Area norte-americana.

E se o disco novo do Death Angel não agradou tanto assim, se comparado aos clássicos, é impossível dizer que as músicas novas não funcionem ao vivo, pois a banda faz tudo parecer clássico em cima do palco. A dupla Osegueda e Cavestany centraliza as atenções facilmente, com performances amplas e energéticas, enquanto o guitarrista Ted Aguilar faz suas bases entre headbangings e arremessos de palhetas para o público.

Muitos dos presentes, no entanto, sentiram a falta de Dennis Pepa e Andy Galeon, baixista e baterista da formação clássica da banda. Mesmo assim, é injusto que seus substitutos Damien Sisson e Will Carroll não sejam citados aqui, pois cumpriram seus papéis com qualidade de sobra. O baixista, sobretudo, deve ser muito citado nos comentários dos presentes, pois sua presença de palco é furiosa e totalmente condizente com a postura de thrasher.

Um dos melhores shows que tive a oportunidade de assistir. Espero que a promessa de Osegueda de que o Death Angel voltará logo a São Paulo seja realmente cumprida.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Symphorce, Unrestricted

Desde que foi criado, em 98, pelo vocalista Andy B. Franck após deixar a banda de prog metal alemã Ivanhoe, o Symphorce nunca conseguiu atingir um posto de grande destaque. Mesmo mantendo uma razoável regularidade e uma sensível evolução na qualidade de sua música, o quinteto alemão parece não muito preocupado em usar todos os elementos que seriam capazes de agradar de forma mais direta e fácil o seu público alvo.

Por outro lado, não agradar a todos nunca foi sinônimo de qualidade no heavy metal, de forma que o Symphorce chega muito bem ao seu sétimo álbum mantendo diversas características que se tornaram elementos chaves de sua música, mas conseguindo agregar novos e resgatar detalhes abandonados ou suavizados em momentos anteriores.

Unrestricted é, sem dúvida alguma, um bom álbum. Não consegue superar a dupla anterior, GodSpeed (05) e Become Death (07), mas graças a uma regularidade impressionante que o Symphorce consegue imprimir em seus trabalhos, é possível colocá-lo lado a lado a qualquer um de seus antecessores sem que suas disparidades sejam percebidas sem o emprego de muita atenção.

A primeira faixa, The Eternal, é típica dos alemães. A cadência prioriza o peso, destacando o baixo de Dennis Wohlbold e o peso das guitarras, enquanto os tradicionais efeitos eletrônicos pontuam positivamente.

Until It’s Over, The Last Decision e Worlds Seem To Collide destacam a qualidade criativa dos guitarristas Cedric C. Dupond e Markus Pohl, que nunca se rendem ao exibicionismo. Em certos momentos pode-se notar um flerte com as guitarras típicas do power metal alemão, como no riff e no refrão de The Waking Hour.

Em diversos momentos de Unrestricted é possível encontrar uma sonoridade que mescla o tradicionalismo do heavy metal com passagens soturnas semelhantes à de bandas como o Paradise Lost. Tal característica marcou o primeiro álbum do Symphorce, Truth Of Promises (99) e nunca foi abandonada pela banda, embora tenha sido suavizada em seus últimos trabalhos. Neste novo álbum, no entanto, podemos notar tal sonoridade em várias faixas, mas Whatever Hurts é a que mais se destaca nesse aspecto.

E Andy B. Franck merece seu próprio parágrafo, já que é em Unrestricted que ele conseguiu registrar sua melhor performance até hoje, soando muito confortável nessa sonoridade moderna e cadenciada que sua banda pratica. É possível deduzir que no Symphorce Franck é livre para ousar com sua voz, indo desde seus costumeiros agudos até os vocais mais agressivos e emocionais de Do You Ever Wonder, ao contrário do que acontece em sua outra banda, o Brainstorm, onde o vocalista parece seguir uma linha vocal mais tradicional do heavy metal.

Unrestricted não vai colocar o Symphorce entre as bandas mais populares do heavy metal, sobretudo porque sua proposta de incrementar o metal tradicional com modernismos ainda é vista de forma desconfiada por grande parte do público headbanger. No entanto, os fãs da banda não ficarão insatisfeitos, pois se trata de um disco elegante, pesado e tecnicamente impecável, o que, em outras palavras, é a mesma coisa que dizer que se trata de um típico trabalho do Symphorce.

Imagens: http://www.myspace.com/symphorcepower

sábado, 9 de outubro de 2010

Estaria o Rage trilhando o caminho do Savatage?

Em 1999, próximo ao lançamento do álbum Ghosts, Peavy Wagner se viu sozinho no Rage quando o restante da banda resolveu largar mão do heavy metal e se dedicar a uma banda de pop rock. Peavy, àquela altura, era a figura central acumulando grande parte da composição de música e letra da banda, então os fãs acabaram sentindo mesmo apenas a saída do baterista Chris Efthimiadis. Chris já era membro de longa data do Rage e fizera parte da formação considerada clássica (com o guitarrista Manni Schmidt) participando de álbuns como Perfect Man (88) e The Missing Link (93), álbuns até hoje saudados e, no ponto de vista de alguns fãs mais tradicionais, nunca superados.

Para o lugar de Chris veio Mike Terrana, que hoje já não está mais no Rage, e para o lugar da dupla Sven Fischer e Spiros Efthimiadis foi chamado o guitarrista russo Victor Smolski.

Smolski era razoavelmente desconhecido, mas conquistou seu espaço e, aos poucos, foi se tornando cada vez mais importante para o Rage, tornando-se o produtor, o principal compositor e, possivelmente, a chave para o sucesso tardio que a banda tem encontrado nos últimos anos. As conquistas do último álbum, Strings To A Web, lançado no início desse ano, são indicadores dessa façanha, tendo levado a banda aos trinta primeiros nos charts comuns da Alemanha e a uma renovação de seu contrato com a Nuclear Blast, a grande gravadora de heavy metal na atualidade.

Mas uma das grandes conquistas de Smolski me incomoda por se parecer demais com uma história já conhecida e documentada com um final infeliz.

O guitarrista tornou-se o grande parceiro de Peavy na fusão de heavy metal com orquestra, algo que sempre esteve em pauta com o Rage. E, nos últimos álbuns, Smolski manteve essa ligação com músicas como Lord Of The Flies e Empty Hollow. Junto a isso, a banda vinha tocando em shows muito procurados acompanhados de orquestra. Essa união havia sido batizada de Lingua Mortis Orchestra ainda em 96, quando Peavy havia realizado seu sonho de unir o Rage aos instrumentos clássicos no álbum Lingua Mortis.

Graças a esse sucesso, e não querendo prejudicar o heavy metal da banda, Peavy e Smolski decidiram que a Lingua Mortis Orchestra, a partir de então, será um projeto à parte, com seus próprios álbuns e shows, deixando o Rage livre para seguir adiante sua história.

A LMO terá seus lançamentos também através da Nuclear Blast e, sendo desvinculada do Rage, embora sendo em essência o próprio Rage, terá outros músicos convidados, ampliando o potencial das músicas, que serão totalmente orquestradas.

Em essência uma história muito parecida com o que aconteceu com o Savatage e o projeto Trans-Siberian Orchestra, que culminou com o fim da banda e o sucesso estrondoso da TSO.

No entanto, à época, a banda norte-americana não passava por um período muito bom. Embora tivesse lançado três grandes álbuns na seqüência, Dead Winter Dead (95), The Wake Of Magellan (98) e Poets And Madmen (01), a formação sofria com as idas e vindas do guitarrista Al Pitrelli, e a saída de Zak Stevens, a voz principal da banda desde 93. Isso aliado à demanda pela TSO fez com o Savatage entrasse num torpor que o mantém inativo até hoje.

Já a banda alemã desfruta de uma situação diferente, com um crescimento bastante notável com os últimos álbuns e uma formação até então sólida (o último membro a entrar na banda, o baterista Andre Hilgers, já gravou dois álbuns e foi totalmente aceito pelos fãs). São indícios de que sua carreira pode não ser ofuscada pela Lingua Mortis Orchestra e que esses dois lados do Rage poderão coexistir sem problemas conjugais.

Mas que a história é assustadoramente parecida com a do Savatage, isso é.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

E o mundo perde Steve Lee

Ainda não completamente recuperado da perda de Ronnie James Dio, o mundo perdeu outra das grandes vozes do rock: Steve Lee morreu ontem nos EUA em uma viagem de moto.

E se o vocalista da banda de hard rock suíça Gotthard não tinha um histórico tão grandioso quanto Dio, o mesmo não podia ser dito de suas qualidades como cantor. Lee era o grande destaque de sua banda tanto em estúdio quanto nos shows, mostrando que estar à frente de uma banda era a sua grande vocação.

Lee não será lembrado apenas por ser um grande cantor de hard rock no Gotthard, mas também por sua espetacular contribuição no projeto Ayreon, de Arjen Lucassen, no álbum 01011001, mostrando uma versatilidade que poucos botavam fé.

Um grande vocalista.

Steve Lee 1963-2010

sábado, 25 de setembro de 2010

Hypocrisy destroys São Paulo


Quem diria que uma quarta-feira despretensiosa seria dona de um dos melhores shows a que pude assistir até hoje? Pois foi exatamente isso que aconteceu no último dia 22, quando os suecos do Hypocrisy fizeram sua primeira e única apresentação no Brasil, como parte da turnê do último álbum, A Taste Of Extreme Divinity. E desde a entrada do público era possível identificar fãs que esperavam muitos e muitos anos pela oportunidade de ver a lenda Peter Tägtgren e seus companheiros.

Antes, no entanto, tivemos a abertura com o Genocídio, que fez uma apresentação muito competente e completamente condizente com a banda principal da noite. Os caras acabaram se lançar seu sétimo álbum, The Clan, e com certeza fizeram bom uso do palco, pois seu show foi muito bom.

A espera pelo Hypocrisy foi recompensada com um show espetacular. Mesmo com os limitadores impostos pela casa de shows, como o palco minúsculo, os suecos venceram pela qualidade de sua história: músicos muito experientes e um repertório que soube agradar a todos.

E o show conseguiu ser realmente um best of do Hypocrisy; de seus onze álbuns apenas o Catch 22 não teve sua representante no setlist. Algumas músicas apareceram apenas em medleys, mas mesmo assim foi o suficiente para que o fã tivesse a impressão de ter sido contemplado da melhor forma possível.

O show teve início com duas das melhores do último álbum, Valley Of The Damned e Hang Him High, que foram sendo sucedidas por clássico atrás de clássico dos suecos. Não faltaram Fractured Millenium, The Fourth Dimension, Killing Art, A Coming Race, Penetralia e Adjusting The Sun. Os álbuns mais novos também mostraram força, com a “romântica”, segundo Tägtgren, Let The Knife Do The Talking e Warpath, ambas do Virus.

Mas duas músicas devem ser mencionadas como destaque, pois a reação que causaram no público foi realmente impressionante. Eraser, do The Arrival, e Roswell 47, do Abducted. A segunda, inclusive, foi a responsável por finalizar a apresentação dos caras após aproximadamente uma hora e quarenta e cinco minutos de show.

Para quem enfrentou viagem para ver o Hypocrisy, seja de carro, avião ou ônibus, a sensação é a de que todo o cansaço valeu à pena e seria tudo refeito numa próxima oportunidade. Para os paulistanos, fica o orgulho de ter sido a única cidade a receber uma das grandes bandas dos anos 90 e que ainda é sinônimo de qualidade extrema no heavy metal.


domingo, 19 de setembro de 2010

Quem vai ocupar a vaga de Mike Portnoy?


Mike Portnoy anunciou que estava deixando o Dream Theater porque já não conseguia com a banda o mesmo grau de satisfação que tem encontrado com seus projetos paralelos. O resto do Dream Theater, por sua vez, anunciou que sente a decisão do baterista, mas que não vai parar suas atividades e que é bem provável que o novo álbum dos caras chegue às lojas logo no início de 2011.

Mas os fãs sentiram demais a separação e desde que o anúncio de Portnoy foi publicado milhares de teorias e temores foram se espalhando pela internet, grande parte deles se referindo a um possível fim do Dream Theater. Mas com a afirmação da banda de que o show vai continuar, os fãs direcionaram seu poder de especulação para outro tópico: quem irá assumir a vaga aberta por Portnoy?

De cara uma análise superficial já limita bem a imensa quantidade de candidatos, pois a vaga de Portnoy não se refere apenas à bateria. O cara era um dos maiores participantes do processo criativo do Dream Theater, no que se refere à música e letras, além de assumir muitas das responsabilidades da banda até então, desde a produção dos álbuns até a decisão sobre setlists de shows, cronogramas, edição e orientação dos seus produtos. Fora tudo isso, o baterista era o canal de comunicação mais ativo entre a banda e seu fã.

Tudo isso faz crer que o Dream Theater não vai à busca de um baterista que seja um clone de Portnoy, e sim de alguém cuja qualidade técnica seja o suficiente para a banda, mas que acrescente algo, ao invés apenas de conseguir executar o que já existe.

E muitos nomes têm surgido nas listas de discussão. Alguns causam calafrios nos fãs, enquanto outros são julgados como perfeitos, se não fossem impossíveis, como Neil Peart, por exemplo.

Virgil Donati aparentemente é o preferido dos fãs. Tem uma carreira sólida no prog metal e técnica acima de qualquer suspeita, além de já ter a experiência de ter trabalhado com o ex-Dream Theater Derek Sherinian.

O austríaco Thomas Lang é outro dos preferidos. Alguns fãs torcem o nariz, pois acham que ele não teria o punch necessário para substituir Portnoy. Mesmo assim, ele é lembrado constantemente nas discussões.

Outro que tem ganhado destaque nos últimos dias é Marco Minnemann, que tem em seu currículo gravações com bandas de metal extremo com orientação prog. É muito elogiado pelas performances nos últimos álbuns do Illogicist e do Ephel Duath.

Muitos brasileiros gostariam de ver Aquiles Priester no Dream Theater, enquanto outros argumentam a favor de Joey Jordison e Mike Terrana. Esses, no entanto, causam mais reações de repulsa do que de aceitação nos fãs mais die hard da banda norte-americana, sinalizando que dificilmente seriam aceitos como substitutos do ídolo Portnoy.

Outros nomes são citados a todo instante. Alguns até causam aquela sensação de que poderiam funcionar bem na banda, como Tomas Haake (do Meshuggah) e Gavin Harrison (do Porcupine Tree). E eu, como fã, também especulo e faço campanha por aquele que acho mais adequado para ocupar a vaga deixada por Portnoy: John Macaluso, do Ark.

Mas a teoria mais aceita como provável, e que por acaso também é a maior esperança do fã do Dream Theater, é a de que o próprio Portnoy grave a bateria do próximo álbum da banda. Na cabeça do fã é quase impossível existir Dream Theater sem Mike Portnoy, e isso, torcem eles, logo ficaria claro também para os músicos, que em breve acertariam seus problemas retomando do ponto onde se separaram.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O fim do Metalium

O Metalium anunciou seu fim. E o que começou de maneira surpreendentemente boa está programado para terminar em 2011 estacionado entre o mediano e o ruim.

A carreira dessa banda foi condenada pelo exagero de qualidade de seu primeiro álbum, Millenium Metal - Chapter One, de 1999, uma vez que os caras nunca mais conseguiram atingir algo razoavelmente próximo dele.

É certo que muito colaborou para o grande sucesso desse primeiro disco ter em sua formação músicos de talento e, até então, relegados ao underground alemão, e dois nomes de muito peso, Mike Terrana e Chris Caffery.

Terrana contribuiu não só com sua já conhecida qualidade técnica e a pegada violentíssima na bateria, como acrescentou narrações na introdução e no encerramento do álbum. Seu entrosamento com o baixista, e principal compositor, Lars Ratz, dava sinais até de que o Metalium poderia surgir, enfim, como a banda principal do nômade Mike Terrana.

Já Caffery formou com Mathias Lange uma das duplas de guitarristas mais promissoras em muito tempo. Impossível ficar citando riffs e solos de destaque, pois o álbum tem muito a mostrar nesse aspecto.

Fora isso tudo, o Metalium tinha como trunfo a voz de Henning Basse, ótimo vocalista que despontava como revelação na Alemanha tendo no currículo uma breve passagem pelo Brainstorm.

Mas Caffery e Terrana não ficaram para ver qual seria o destino da banda após o debut, e a partir daí as coisas foram decaindo álbum após álbum. E o primeiro disco foi aquilo, um primeiro passo que não conseguiu um sucessor à altura.

Os capítulos dois e três da saga dos metalianos, o conceito central das letras da banda, ainda conseguiram mostrar algumas faixas de qualidade, resquícios da criatividade extrema do primeiro disco. Já As One, a quarta parte da história, entregou um desgaste que nem a voz privilegiada de Basse conseguiu amenizar.

Os capítulos cinco e seis até podem ser vistos como uma espécie de recomeço. O baterista Michael Ehré passou a assinar mais (boas) composições e a banda se estabilizou definitivamente, lançando inclusive um segundo DVD. Nothing To Undo, o sexto capítulo, consegue até chamar a atenção com umas poucas músicas bastante convincentes, mas não o suficiente para tapar o buraco que as falhas já tinham aberto.

O fim, infelizmente, fica com os capítulos sete e oito, que ganham bastante notoriedade por serem exatamente os piores da carreira dos caras. Grounded, o último álbum até então, é bastante inferior, inclusive, ao seu antecessor, que já não era grande coisa.

Fica parecendo que a banda só tinha gás para um disco, o que não era verdade. Seus DVDs, inclusive, mostram músicos muito a fim de jogo em apresentações esforçadas e convincentes.

O fim, de acordo com a notícia postada no último dia 13 no site oficial da banda, se deve aos membros atuais terem muitas responsabilidades pessoais e profissionais para dividir com o Metalium. No entanto, a banda ainda fará alguns shows para um DVD e um disco que trará faixas ao vivo e mais algumas faixas inéditas.

Quando Millenium Metal - Chapter One foi saudado como um dos melhores álbuns de 1999 todos só conseguiam enxergar o Metalium como um das grandes bandas da década seguinte. Hoje é apenas uma grande decepção e um desperdício enorme de talento.

domingo, 12 de setembro de 2010

Highland Farewell


Servindo como uma espécie de aperitivo pré-lançamento do novo álbum, The Clans Will Rise Again, agendado para o primeiro dia de Outubro, o Grave Digger lançou recentemente o clipe para a faixa Highland Farewell.

Trata-se do primeiro disco com o novo guitarrista Axel "Ironfinger" Ritt (veterano da cena alemã, e um dos líderes do Domain), que entrou na banda, a princípio, apenas para completar a turnê do último álbum, mas que acabou ficando com a vaga em definitivo.

Uma música é pouco para definir o futuro do Grave Digger que, embora tenha lá sua parcela de fãs e defensores radicais, não apresenta um álbum reconhecidamente grandioso desde que o guitarrista Uwe Lullis deixou a banda após a bem sucedida trilogia composta por Tunes Of War, Knights Of The Cross e Excalibur. Highland Farewell, no entanto, nos deixa margem para a esperança, pois é provavelmente a melhor música da banda desde os clássicos dos álbuns citados acima.

domingo, 5 de setembro de 2010

Sitra Ahra e o “novo” Therion

Em 2007 o Therion alcançou seu ápice de criatividade com o álbum duplo Gothic Kabbalah. E tal constatação era facilmente observada, já que até esse CD a música da banda liderada pelo guitarrista sueco Christofer Johnsson consistia de algo razoavelmente simples enfeitado com corais e passagens orquestradas.

Esse ápice de criatividade se deve, em muito, ao fato das músicas de Gothic Kabbalah terem sido compostas não só por Johnsson, e sim pela banda toda, que naquela época tinha os irmãos Kristian e Johan Niemann, na guitarra e baixo respectivamente, o excepcional baterista (e guitarrista, e vocalista...) Peter Karlsson, além do grande Mats Léven entre os vocalistas. Tal expediente já havia se mostrado nos dois álbuns anteriores, Sirius B e Lemuria, mas com intensidade e resultados muito inferiores.

Pela primeira vez o Therion se mostrava realmente como uma banda estabilizada, com membros definidos e todos envolvidos com o processo de criação das músicas. E isso se refletiu em um CD de muitas qualidades. Graças a isso, o líder Johnsson resolveu demitir todo mundo.

Minha opinião, na época, é a de que foi uma decisão errada. No entanto, Johnsson sempre soube pra onde levar o Therion, e deve ter achado que era hora de retomar sua criação de volta para si e redirecionar sozinho o som que seria desenvolvido pela nova formação.

Depois de muito tempo, muitas especulações e uma nova formação, foi anunciado Sitra Arha para final de setembro, junto com milhares de especulações sobre o que esse novo Therion apresentaria.

Ainda é cedo para avaliar, mas graças a uma promoção da gravadora Nuclear Blast, direcionada aos fãs da banda, foi disponibilizado o download da faixa título do novo álbum a pouco mais de uma semana atrás.

E o que eu temia que acontecesse foi exatamente o que aconteceu. O Therion aparentemente retrocedeu e resgatou aquele som simples, mas pomposo, dos álbuns anteriores ao Gothic Kabbalah, mesclando riffs excessivamente simples, bases bastante genéricas, orquestrações e muitos coros e vocais.

Claro, essa é uma primeira impressão baseada em apenas uma das faixas do álbum. Existe esperança de que seja a impressão errada. Mas é impossível deixar passar o sentimento de que Johnsson pisou no tomate. 

A nova formação faz a sua parte, no entanto. Os músicos não têm muito que fazer dentro da limitação que a música impõe, mas no pouco que podem mostram que são músicos adequados, não escolhidos por acaso. Mas são meros coadjuvantes perante os vocais e arranjos. Como Johnsson deve gostar que sejam. Infelizmente.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Jorn Lande e o MKIII do Masterplan

Qual terá sido o motivo que levou Jorn Lande a voltar para o Masterplan? Não tenho dúvidas de que sua volta vai fazer algum bem para a banda de Roland Grapow. Mas não consigo entender completamente esse retorno.

O cantor norueguês passou grande parte de sua carreira tentando ser um clone de David Coverdale e Ronnie James Dio. E, graças a uma voz privilegiada e uma incontável quantidade de aparições em discos e shows, o cara conseguiu seu lugar ao sol, sendo considerado hoje um dos grandes vocalistas do rock e heavy metal.

Essa carreira levou Lande a duas posições invejáveis: uma de voz muito requisitada pela indústria do rock; outra de dono de uma banda que se sustenta sozinha e que é claramente uma das grandes apostas de sua gravadora, a italiana Frontiers Records.

Uma das provas de que Lande atingiu um bom status foi o convite de Tony Iommi e Geezer Butler para a homenagem que o Heaven & Hell fez ao falecido Dio, onde o norueguês dividiu os vocais com o imortal Glenn Hughes. Além disso, sua carreira solo com a banda Jorn tem rendido frutos e recentemente a Frontiers bancou o lançamento do álbum-homenagem-picaretagem Dio, onde Lande canta alguns dos clássicos de Ronnie James Dio, além de uma música inédita feita em homenagem ao seu ídolo.

Entendo que fica claro que Lande não precisa do Masterplan tanto quanto o Masterplan precisa de Lande, já que a experiência da banda com outro cantor, Mike Dimeo, não foi bem sucedida, resultando em um álbum irregular (MKII) e uma turnê decepcionante. Então é justo perguntar o porquê desse retorno, uma vez que sua saída em 2006 foi por não pensar da mesma forma que o restante da banda. É certo que hoje o Masterplan já não conta mais com o baterista Uli Kusch, na época um dos “donos” do negócio e possivelmente um dos motivos que mantinham o vocalista longe da banda.

De qualquer maneira, Grapow tentou uma reaproximação com o seu antigo vocalista e conseguiu que Lande reassumisse seu posto. O primeiro resultado disso é Time To Be King, um álbum com um título pomposo demais e que se mostra um tanto quanto equivocado, porque o CD não garantiria nem mesmo um ducado à banda.

Não que o álbum seja fraco. Não é. Mas comparado ao primeiro disco da banda, ou ao último de inéditas da Jorn, Spirit Black, Time To Be King perde feio, sobretudo porque não fez jus à imensa expectativa que se criou com essa volta do vocalista. Até mesmo a performance do norueguês é menos interessante, criando no ouvinte uma vontade de ouvir outros trabalhos onde o vocalista é muito melhor aproveitado, como Burn The Sun, o segundo álbum do Ark, por exemplo, um dos grandes discos da década.

E não citei o Ark por acaso, já que o guitarrista Tore Østby, o baixista Randy Coven, o tecladista Mats Olausson e o exímio baterista John Macaluso se reuniram no final de 2009 e em breve devem lançar seu próximo trabalho. Essa sim é a banda para qual Jørn Lande deveria voltar.

sábado, 14 de agosto de 2010

Push The Venom

Saiu o novo álbum do Kataklysm! Tenho que admitir que estou bastante ansioso por ouvir esse novo álbum dos canadenses, Heaven’s Venom. Os caras estão numa fase acima da média e os dois álbuns anteriores, In The Arms Of Devastation (2006) e Prevail (2008), criam a expectativa de que esse novo será um dos clássicos da banda.

E potencial para ser o melhor álbum da banda existe. Premiados recentemente pela Nuclear Blast pelos 15 anos em seu cast, suas turnês estão cada vez maiores, inclusive como atração do atual Ozzfest, e os orçamentos para produção do álbum e respectivos lançamento foram visivelmente maiores. Prova disso é o clipe de Push The Venom, de direção de Ivan Colic, responsável por Another Strange Me, do Blind Guardian, e Never Enough, do Epica, que é superior a tudo que a banda já havia feito antes nesse aspecto.

E, fora a parte visual, Push The Venom mostra de tudo um pouco que o Kataklysm costuma ter em seus álbuns. Diferente de Prevail, quando fizeram um clipe para a bastante melódica Taking The World By Storm, dessa vez escolheram uma mais direta e representativa do som que costuma predominar nos discos.

Tenho confiança de que Heaven’s Venom estará nos meus discos preferidos de 2010.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

That’s how rock ‘n’ roll is supose to be played

O Chickenfoot, como todos já devem saber a essa altura, é formado por quatro veteranos que se uniram para mostrar às novas gerações o que é o verdadeiro rock 'n' roll. Sammy Hagar, Michael Anthony, Joe Satriani e Chad Smith são músicos que já tem suas histórias devidamente marcadas na história do rock e não precisariam de mais nada para confirmar o fato. Mesmo assim gravaram um álbum estupendo e resolveram mostrar o impacto e o frescor que essas músicas alcançaram ao vivo no DVD Get Your Buzz On Live.

O show gravado foi o de Phoenix, nos EUA, e mostra uma banda que claramente não está tocando apenas por compromissos contratuais, pois é fácil de ver que os caras estão gostando muito do que estão fazendo. Tecnicamente não dá nem pra comentar, pois é tudo tão espontâneo, tudo tão descompromissado que a gente já fica feliz só de ver que eles estão muito satisfeitos por estarem ali juntos fazendo um rock muito honesto e empolgante.

E o show não tem frescuras. Desde o início com Avenida Revolution, até o final bombástico com My Generation, do The Who (quando Chad Smith faz sua homenagem a Keith Moon) o que vemos é apenas baixo, bateria, guitarra e voz, mas tudo feito por especialistas do assunto. Nada de danças coreografadas, figurinos e penteados especiais para cada música, ou instrumentos voando pelo palco, a música sozinha preenche toda a atenção sem precisar de mais artifícios.

E é muito bom poder ver Sammy Hagar á frente de uma banda novamente. O Red Rocker não é o manda-chuva, mas é claramente o cara que conduz o Chickenfoot ao vivo. E em músicas como Bitten By The Wolf, ou na antiga Bad Motor Scooter, de sua época de Montrose, vemos o porquê dele ser considerado como um dos grandes vocalistas do rock.

E no final do show, enquanto o público reverencia o quarteto, Hagar sintetiza a música do Chickenfoot numa única frase: “that’s how rock ‘n’ roll is supose to be played”. Mais correto impossível.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O vil Reign In Blood


Estive, no último sábado, numa dessas lojas grandes que costumavam ser livrarias e hoje podem ser consideradas completamente multimídia, vendendo desde livros até DVDs, CDs e jogos de videogame. E, andando pelos stands de ofertas, vi lá o Reign In Blood, um daqueles discos usualmente citados entre os cinco melhores de qualquer headbanger que se preze. 

Paguei então os quinze paus pelo álbum e o levei pra casa com um pensamento: por que raios eu nunca fui lá muito com a cara do Slayer?

Certo, certo, eu admito essa falha no meu caráter headbangerístico e posso dizer que hoje até eu mesmo me considero um poser, pois o Reign In Blood não é um dos clássicos malignos do heavy metal à toa: hoje eu compreendo isso completamente.

Não tem uma única faixa no álbum todo que possa se caracterizada como fraca. Mais do que isso, depois do início com Angel Of Death você acredita que o álbum só pode ir decaindo, mas o que acontece de fato é que ele vai melhorando e melhorando. E quando você termina de ouvir Postmortem achando que nada poderia superar aquilo tudo então vem o som da chuva e o riff sujo e cruel de Raining Blood fechando o álbum de forma assustadora.

Ao final a gente acaba concluindo que se algum álbum pode ser chamado de maligno em todo o thrash metal é esse aqui. Os riffs são sombrios, as partes cadenciadas são hipnóticas, os berros de Tom Araya são aterrorizantes, os solos da dupla King e Hanneman são caóticos e barulhentos e, por fim, mas não menos importante, a performance de Dave Lombardo é desesperadora, como se a vida dele dependesse de tocar os bumbos à velocidade da luz.

Mal do começo ao fim. Esse é o Reing In Blood, um dos imortais clássicos do heavy metal.

domingo, 8 de agosto de 2010

"Sepultura do Brasil! Um, dois, três..."

É de causar certo estranhamento ler comentários, cada vez mais frequentes, do Max Cavalera, sobre o quanto ele quer que o Sepultura volte, e como o Andreas Kisser fica atrapalhando algo que seria bom pra todos, que os fãs querem, e etc. (aqui, por exemplo).

Nada pessoal contra o Max. Mas esta postura que ele está assumindo agora parece querer esconder uma coisa: que todo o estrago, o declínio da banda, as dificuldades que seus ex-integrantes passaram, a orfandade em que os fãs, em certa medida, ficaram, tudo isto não foi causado por ninguém além dele próprio. É surpreendente ver o Max, todo inocente, culpando alguém por não querer voltar atrás em uma situação que foi criada por ele.

O caso é o seguinte: o Sepultura, no anos 90, estava a caminho de ser o próximo Metallica. Estava influenciando toda uma nova leva de bandas pesadas que surgiam, do Fear Factory aos caras que formariam o Slipknot. Não era uma banda grande por ter lançado grandes discos no passado, eles estavam lançando grandes discos naquele momento. Foi uma das poucas bandas fora do eixo EUA-Europa a se tornar mundialmente relevante, e entre estas deve ter sido a que mais se destacou.  

Em que pese a atitude de seus integrantes não ser a de carregar a bandeira do metal brasileiro, muito pelo contrário (quem viu o documentário Ruído das Minas sabe), o sucesso do Sepultura teve um impacto fortíssimo em termos de globalização do mercado da música pesada. E isto poderia ter ido além, a banda poderia ter encabeçado uma revolução. Poderia, se os desentendimentos não tivessem castrado sua carreira justamente quando se encontrava no auge.

E o culpado disso, quem pôs fim a este processo que teria sido ótimo para o metal mundial, e mais ainda para o Sepultura, foi o senhor Max Cavalera. Bem sucedida, a banda viu dinheiro de verdade começar a entrar e as possibilidades futuras se ampliarem. Só que, para Andreas, Paulo e Igor, havia um problema: serem empresariados pela esposa de um integrante, que nitidamente privilegiava o marido. A solução proposta por eles era altamente razoável (e eu nunca vi esta versão ser contestada): Glória Cavalera continuaria representando o vocalista, e outra pessoa representaria os interesses dos outros integrantes.  

A reação do Max, de considerar isto uma traição, de impor que sua esposa seria empresária da banda toda ou não haveria mais banda, foi infantil e autoritária. Demonstrou que ele não estava preparado para o status que a banda estava em vias de alcançar.

É estranho agora ver Max Cavalera defendendo o velho Sepultura contra o malvado Andreas Kisser, porque foi Andreas que continuou levando o nome da banda. Se não com o mesmo sucesso, se não alcançando tudo que lhes era possível nos anos 90, ao menos com dignidade, o que não é pouco. Paulo nunca foi uma liderança na banda. Igor há tempos não tinha mais interesse por heavy metal, o que acabou culminando na sua própria saída, anos depois. Quem se responsabilizou por não deixar o Sepultura morrer foi Andreas. Se dependesse do Max, o legado desta grande banda estaria morto e enterrado, por capricho.

Sei que muitos fãs prefeririam que não houvesse havido uma continuidade, com Derek Green nos vocais, que somente reconhecem como o verdadeiro Sepultura a banda que existiu até o Roots. Mas eu penso no que teria acontecido se a banda tivesse se separado. Cada integrante teria ido para um lado, talvez um ou outro houvesse abandonado a música. Esperariam até que Max descesse do pedestal, disposto dar uma nova chance aos “traidores” que o “abandonaram”? Aí sim haveria a grande volta do Sepultura, uma banda velha, fora de lugar? Não, foi melhor que tenham continuado a tocar, a buscar evoluir, mesmo tendo perdido o seu grande momento.

Max tem o Soulfly, tem o Cavalera Conspiracy. Ele deveria deixar o Sepultura de lado, porque ele deixou claro há anos que não precisa do Sepultura. E, além disso, e mais importante, que não merece o Sepultura.

Por sinal, o Soulfly existe há mais tempo do que o Sepultura antigo existiu. E Derrick Green já esteve no Sepultura durante mais tempo do que Max Cavalera.

sábado, 24 de julho de 2010

Iron Maiden - The Final Frontier

O Iron Maiden lançou um vídeo para a faixa título do seu novo disco, "The Final Frontier", que deve ser lançado  em 16 de agosto próximo. Veja aqui.

O clipe é bem feito, e a música até que não é ruim. Mas eles precisam, urgentemente, parar de fazer refrões que consistam apenas em uma mesma frase repetida infinitamente - muitas vezes, como neste caso, esta frase sendo só o nome da faixa.


quinta-feira, 22 de julho de 2010

War Stomp

E o Claustrofobia lançou um clipe para War Stomp, do grande I See Red, último álbum da banda, lançado no final do ano passado. O vídeo basicamente é uma coletânea de cenas da banda ao vivo em diversas apresentações no Brasil e exterior. Uma forma bastante eficiente de comprovar a força do thrash metal desses caras.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Grandes lançamentos da Voice Music

A idéia não é fazer média, mas é preciso citar nesse blogue o trabalho que a Voice Music tem feito pelo heavy metal nacional. E embora já esteja a alguns anos lançando os trabalhos de algumas das boas bandas brasileiras, e algumas outras internacionais de qualidade (Living Colour, por exemplo), foi nesse primeiro semestre de 2010 que a gravadora atingiu seu ápice de qualidade. E isso se deve ao lançamento de três álbuns que podem facilmente figurar em qualquer lista de melhores do ano.

O primeiro deles é o trabalho de estréia do Musica Diablo, banda de thrash/crossover que conta com o vocalista Derrick Green, do Sepultura, como maior atrativo, embora tenha em sua formação outras figuras tradicionais da cena brasileira.

Recoil, segundo álbum da Cavalar, banda brasileira de heavy metal tradicional radicada em Londres, é outro grande destaque. Diga-se de passagem, o primeiro álbum deles, As A Metal Of Fact, também saiu no Brasil via Voice Music.

Por último, mas de longe a mais importante, a Voice Music lançou em maio o primeiro álbum do Madgator, banda de heavy metal/hard rock que já atua na cena há alguns anos e só agora chegou ao seu primeiro álbum. O CD, auto-intitulado, não tem pontos baixos. Todos os membros são reconhecidos pela técnica individual, mas juntos eles conseguem fazer o impensável em músicas como The Brave Without A Mask, Same Old Magic, Eternal Fire e Take Me To The Night. Um álbum magnífico, de fato.

Esses três CDs conseguiram me impressionar pela qualidade geral de cada um. Todos contam com boas produções, belas capas (a do Madgator é algo fenomenal), e musicalmente, que é o aspecto mais importante, todas atingem seus objetivos com relativa facilidade. O thrash flertando com o hardcore visceral e espontâneo do Musica Diablo é algo que não se ouvia há muito tempo; o metal do Cavalar, com influências do stoner pode ser considerado como novidade por aqui; e o hard/heavy do Madgator, extremamente técnico, mas longe de ser exagerado, tem aquela classe que somente algumas bandas alcançam, como o Dr. Sin, por exemplo.

Três grandes adições a um catálogo que já tinha ótimos CDs, como o primeiro álbum do Ancesttral, The Famous Unknown (2007), e o Brainworms I (2008), primeiro do Bittencourt Project, projeto solo do guitarrista do Angra, Rafael Bittencourt.

Musica Diablo: http://www.myspace.com/musicadiablo

Cavalar: http://www.myspace.com/cavalarrock

Madgator: http://www.myspace.com/madgatorofficial

sábado, 17 de julho de 2010

Kriver, Toxic Blood


Taí mais uma boa banda surgindo em Recife-PE, a Kriver. Juntos a mais ou menos um ano, Jahyr Cesar (vocal), Guilherme Cordasso (baixo), Bruno Oliveira e Thiago Quintino (guitarras) e Ricardo Lira (bateria), lançaram recentemente o EP Toxic Blood, com cinco músicas que servem pra gente ter uma idéia do que esses caras vão fazer num futuro próximo.

Cito um futuro próximo porque nesse primeiro EP, embora tenham acertado em quase tudo, ainda dá pra notar um pouco daquela disparidade entre as influências de cinco caras diferentes definindo um único tipo de som, o que deixa o trabalho ainda meio heterogêneo. Um bom exemplo disso é a diferença entre as duas primeiras músicas, Toxic Blood e Dirty Thoughts, pois enquanto a primeira vai numa linha praticamente heavy metal, com riffs fortes e pedais duplos aqui e ali, a segunda já é bem mais light, com um refrão que insiste em me lembrar do Asia.

Mas, excluindo esse pequeno problema (que não chega nem a ser um problema quando todas as músicas são boas), é possível encontrar nesse Toxic Blood pouco mais de vinte minutos de bom entretenimento. Que começa exatamente com a faixa Toxic Blood, uma espécie de encontro de Dave Mustaine com o Gotthard.

Dirty Thoughts, como já comentei, evidencia uma parte mais light da banda, embora ainda inspirada pelo hard rock. Mas desde os corinhos do refrão até os timbres das guitarras e as conduções da bateria transpiram aquele rock ora meio AOR ora meio festeiro que fez muito sucesso nos anos 80.

Whore Love faz referência àquele hard rock mais setentista, enquanto a balada Sorrow é como se fosse a Dream On do Kriver, com um ótimo refrão, mas um tanto quanto longa demais. E o final com What Is That? retoma aquele climão da primeira faixa, mas com uma orientação muito mais hard rock, o que parece combinar mais com o som do Kriver.

Uma coisa que fica clara nesse EP é qualidade da banda, que com certeza aparecerá em breve com trabalhos ainda melhores. O vocalista Jahyr Cesar tem um timbre bem parecido com o de Dave Mustaine, semelhança que não incomoda e parece combinar perfeitamente com o hard rock da banda; uma grande revelação para a cena brasileira. O trabalho da dupla Guilherme Cordasso e Ricardo Lira também merece destaque, pois é consistente e tem a versatilidade que a variedade do EP acaba exigindo.

A apresentação de Toxic Blood é outra coisa a ser mencionada positivamente. Produção adequada e uma capa absurdamente legal. Fora isso, a banda disponibilizou o EP online em seu Myspace para todos que quiserem conhecer.

A resenha, no final das contas, parece criticar mais do que elogiar. Mas é exatamente o contrário. O Kriver é uma boa banda que momentaneamente ainda sofre com a falta de experiência. Mas, num estilo onde repetições e clichês são adotados como um saudosismo saudável, Toxic Blood é mais do que o suficiente para agradar até o fã mais radical.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Alfenas comemora o Dia Mundial do Rock!

No último final de semana rolou em Alfenas um festival em comemoração antecipada pelo Dia Mundial Do Rock (que é hoje, diga-se). Motivado pela apresentação da banda paulistana Seventh Seal, verifiquei os horários, a programação do sábado, corri atrás das outras bandas que tocariam e me programei para chegar a Alfenas para ver as três últimas bandas da noite, Pleiades, Silvercrow e a Seventh Seal.

Não sei o que houve, se foi erro da divulgação no evento, se foi mancada da banda, mas pelo jeito a Seventh Seal não apareceu por lá no sábado. Se apareceu foi bem antes do horário divulgado. Fora isso, rolou um atraso já esperado, e acabei podendo assistir mais algumas outras bandas.

Da região pude ver a Red’n’Black, que manda covers de AC/DC e Deep Purple com um vocalista bem convincente, e a Murder Ride, que teve diversas participações especiais de colegas das outras bandas se revezando no baixo (posto vago dias antes, segundo o vocalista), e mandou covers de várias bandas de thrash metal.

Então veio o Pleiades, a primeira das bandas de Belo Horizonte a que pude assistir. Primeiro de tudo tenho que reconhecer a qualidade do quarteto enquanto músicos. Todos eles têm o domínio necessário de seus instrumentos para desempenhar a música que se propuseram a fazer. A vocalista Cynthia, inclusive, impressiona por sua desenvoltura no palco, uma frontwoman nata. Mas a verdade é que a música da banda ainda está meio perdida num meio termo que incomoda. Certos momentos tendem para o metal, enquanto em outros a coisa soa toda meio emo tipo Fallout Boy e assemelhados.

Percebe-se que a gama de influências confunde a música dos caras pelos covers que optaram por mandar na sua apresentação: Janis Joplin, Led Zeppelin, Dio (quando eles quase trucidaram Holy Diver) e Pantera. Além disso, tocaram várias músicas de seu primeiro CD. E eu até posso não ter gostado muito, mas ficou claro que a audiência ficou bastante satisfeita com o quarteto.

A segunda banda belorizontina foi o Silvercrow, que divulga atualmente seu segundo álbum (que em breve resenharei aqui), Unleashing Rage. Trata-se de um metal melódico influenciado pelas melhores do ramo, incluindo aí todos os clichês necessários ao gênero.

Mas mesmo com todos os fatores contra, o Silvercrow fez um show muito bom. A música dos caras é bastante coerente com o estilo, e o quinteto sabe o que fazer dentro dessa linha de heavy metal. O vocalista Bernardo Silveira é muito bom, e provou isso no cover de Heaven & Hell, do Black Sabbath, sem falar na dupla de guitarristas, que é bem entrosada e técnica.

Uma pena que poucos ficaram para ver esse show (me pareceu que depois do término do show do Pleiades muitos correram para pegar os últimos ônibus da noite), pois a apresentação foi bem legal e valeu a noite.

Sei que outra banda foi escalada para cobrir o lugar do Seventh Seal, no encerramento da noite. Mas eu sinceramente não quis ficar para ver, pois o evento estava bastante atrasado, iria madrugada adentro e eu ainda teria que enfrentar alguns quilômetros de volta pra casa.

Silvercrow

http://www.myspace.com/silvercrowband

Pleiades

http://www.myspace.com/bandapleiades

quinta-feira, 8 de julho de 2010

The New Old Brazillian Thrash Metal


A “nova onda” do thrash mundial atingiu o Brasil, claro. Tradicionalmente dono de uma cena que sempre revelou bandas que apostavam no peso e na violência do thrash metal, não seria dessa vez que o país se esconderia sem revelar ninguém para o mundo. No caso atual, a banda que agrada aos olhos dos gringos é o Violator, do Distrito Federal, que apela para aquela linha visceral do estilo, unindo a atitude dos heróis da Bay Area norte-americana com a pancadaria sonora dos thrashers germânicos.

No entanto, esse interesse renovado pelo thrash metal, que tem gerado bandas novas a todo instante, tipo o Municipal Waste e o Warbringer, bem como resgatando do limbo outras essenciais para a definição do estilo, como o Heathen, se mostrou muito mais favorável não à nova safra do thrash brasileiro, e sim à antiga.

Embora as novas crias do thrash nacional estejam sendo citadas internet afora em sites e blogues especializados, saudadas pelos estrangeiros e cogitadas para turnês na Europa e Japão, são duas bandas das antigas que recentemente conquistaram novos contratos com gravadoras realmente relevantes dentro do heavy metal e devem subir mais alguns degraus nos próximos anos: Sepultura e Korzus.

O Sepultura passou por alguns anos complicados. Viu seu status de sucesso mundial cair para um status de banda de heavy metal com passado glorioso. Mas com o lançamento de A-Lex, de 2009, seu último (e ótimo) álbum de estúdio, ficou claro que os caras ainda têm muito a mostrar e a boa recepção ao disco os levou a um contrato com a gravadora mais importante hoje no heavy metal, a alemã Nuclear Blast.

Esse contrato com a Nuclear Blast, no entanto, é diferente do que a banda estava acostumada, pois a gravadora alemã é independente, ou seja, as verbas serão bem menores que as que o Sepultura estava acostumado na época em que fazia parte do mainstream. Mesmo assim, a visibilidade será maior dentro do verdadeiro público da banda hoje, que é o headbanger.

O caso do Korzus é semelhante, mas difere num tópico em particular. Ao contrário do Sepultura, a banda paulistana nunca atingiu o mainstream, ficando relegada ao underground nacional, mas sempre tidos como heróis do estilo.

Mas depois de Ties Of Blood, de 2004, a banda surpreendeu com uma força que muitos achavam que não existia. E essa força impulsionou sua carreira de tal forma que todo o esforço foi recompensado com um contrato com a alemã AFM Records (dona de um cast com Annihilator, Avantasia, Destruction e Brainstorm, por exemplo) para o lançamento de seu novo álbum, Discipline Of Hate, no continente europeu.

Pode não parecer muito, mas o trabalho da gravadora já começa a mostrar resultados, que podem ser conferidos pelas resenhas positivas que o álbum tem conseguido em publicações e sites europeus. Além disso, Schmier, do Destruction, fez a gentileza de tecer comentários animadores sobre o CD, o que confere ao lançamento uma espécie de “selo de qualidade thrash metal”. Tal prática já havia sido utilizada por Mille Petrozza, do Kreator, outra lenda do thrash alemão, sobre o último álbum dos gregos do Suicidal Angels, e a repercussão foi grande.

Estar no cast da Nuclear Blast e da AFM Records provavelmente vai proporcionar ao Sepultura e ao Korzus algumas turnês mundiais junto com artistas (hoje) mais populares dos casts das duas empresas. Fora isso também deve garantir a presença das duas bandas em alguns dos festivais europeus mais importantes, o que os colocam sendo assistidos por públicos que variam de dez a sessenta mil pessoas, uma situação bastante favorável.

Claro que tudo depende da forma como ambas reagirão ao mercado europeu, ou ao trabalho com as novas gravadoras, mas para o thrash metal brasileiro é extremamente saudável que duas das maiores forças históricas estejam alcançando espaços merecidos no maior mercado do heavy metal mundial.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Vanden Plas, The Seraphic Clockwork


Solidez é a palavra que me ocorre ao tentar definir a carreira do Vanden Plas. Embora ainda sujeito a uma posição abaixo da intermediária no que diz respeito ao seu status entre os headbangers, a banda alemã é sinônimo de regularidade. Desde 94, com o lançamento de seu primeiro álbum, Colour Temple, o Vanden Plas apresenta a mesma formação e a mesma proposta musical, sempre, no entanto, com aprimoramentos e um desenvolvimento grande na parte técnica e lírica.

E quem acompanha a carreira dessa banda de prog metal suspeitava que seu novo álbum não pudesse superar Christ.0, de 2006, trabalho que apresenta não só uma execução perfeitamente coerente com o conceito lírico, mas também performances individuais impressionantes. The Seraphic Clockwork, então, é o álbum que veio para surpreender, pois conseguiu superar seu antecessor com uma vantagem bastante razoável em diversos aspectos.

Este novo trabalho conceitual do Vanden Plas já apresenta um grande enriquecimento no que diz respeito à interpretação do enredo. Nesses quatro anos em que a banda ficou sem lançar álbuns, seus membros estiveram envolvidos com algumas montagens alemãs de musicais famosos, como Hair e Jesus Christ Superstar, e essa experiência é bem perceptível em suas novas músicas. Inclusive, a performance do vocalista Andy Kuntz parece muito mais madura, emocional e precisa, mas contida quando pertinente.

São apenas oito músicas contando a história de um homem que viaja no tempo e espaço com uma missão divina revelada em uma profecia contida no antigo testamento. Mas o baixo número se revela o suficiente, pois são faixas longas e que juntas têm uma coerência que poderia ser afetada caso fosse um álbum maior. Mesmo assim o trabalho ultrapassa os sessenta minutos.

Musicalmente o grande destaque do álbum é a última faixa, On My Way To Jerusalem, pois consegue traduzir todo o sentimento do disco em seus quase treze minutos de duração. Mas é difícil não ouvir Frequency, ou Sound Of Blood, ou Quicksilver, sem ter a impressão de que acabou de ouvir a melhor música do CD. E essa impressão acontece a cada música desse disco.

E embora a banda seja formada por cinco músicos que tem performances inspiradas e que tem seus grandes momentos de suas carreiras nesse trabalho, é impossível não destacar o guitarrista Stephan Lill. Autor da maioria das músicas, o cara aproveitou pra mostrar todo seu bom gosto em riffs ora pesados e intrincados, ora melodiosos e totalmente hard rock.

The Seraphic Clockwork é um álbum estupendo que pode colocar o Vanden Plas em uma posição mais justa no cenário, situação que é objetivo de sua nova gravadora, a italiana Frontiers Records, atual responsável pelos últimos trabalhos de artistas como Primal Fear e Jorn Lande.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Time What Is Time


Com o álbum Imaginations From The Other Side o Blind Guardian virou banda grande. Os discos anteriores são ótimos, mas depois do Imaginations é que as pessoas passaram a esperar sempre mais e mais do quarteto alemão. E a banda superou a expectativa com o álbum seguinte, Nightfall In Middle-Earth, provavelmente seu trabalho de maior sucesso entre os fãs.

Só que a partir daí a banda resolveu “incrementar” seu som, mantendo a veia épica, mas adicionando partes mais progressivas, mais coros e orquestrações, e algumas modernidades que a fizeram se afastar um pouco daquele som porrada, mas melódico, do Imaginations e do Nightfall.

Vendo que o Blind Guardian abriu uma brecha, várias bandas aproveitaram a deixa e surgiram como “sucessoras”, cada uma apostando em alguma característica marcante que a faria despontar entre as outras.

A verdade é que nenhuma delas realmente conquistou aquela parcela de fãs que o Blind Guardian decepcionou, e todas elas permaneceram num mesmo patamar até hoje, e ainda guardam aquele estigma de ainda quererem ser um próximo Blind Guardian.

Algumas dessas bandas, no entanto, têm suas qualidades e, se isentas do peso de “suceder” o Blind Guardian, podem agradar bastante. Dentre todas as aspirantes, podemos citar a dinamarquesa Manticora, com seu som complexo e os álbuns conceituais, o Savage Circus, banda que o ex-baterista do Blind montou para retomar o som do Imaginations, a suíça Excelsis, que incorpora a música regional ao seu metal “blindguardianizado”, e o Persuader, que tem no seu vocalista um dos maiores trunfos, pois a voz e estilo de Jens Carlsson (também vocalista do Savage Circus, aliás) são muito semelhantes ao de Hansi Kürsch.

Duas delas, no entanto, merecem mais destaque por fazer um trabalho acima da média, embora ainda inferior ao de sua banda “inspiradora”: a norte-americana Dark Empire e a alemã Orden Ogan.

O Dark Empire lançou até agora um mini-CD com seis faixas e o álbum Dethroned Humanity, que surpreende pelo peso e pela qualidade das composições. Lançado em 2008, o álbum tem seus maiores destaques no ótimo baterista Sam Paulicelli e o guitarrista (e dono da banda) Matt Moliti, responsável por todas as músicas. Além disso, Humanity Dethroned também conta com os vocais de Jens Carlsson, o que contribui para a semelhança com o Blind Guardian. Não é a melhor banda do mundo, mas é uma boa aposta pro futuro.

Já o Orden Ogan começa a ganhar notoriedade com o novo álbum, Easton Hope. Trata-se de um heavy metal bastante inspirado pelo Blind Guardian, com muitos coros, peso e linhas de bateria que se assemelham bastante (sobretudo na música Nothing Remains) às que Thomen Stauch fazia antes de deixar o Blind Guardian. Até a capa de Easton Hope remete ao antigo Blind, pois foi feita por Andreas Marshall. Novamente, não é a banda que vai salvar o mundo da mesmice, mas que agrada fácil.

No final de Julho o Blind Guardian lança um novo álbum, At The Edge Of Time. A expectativa dos fãs é sempre a mesma: um novo Imaginations ou um novo Nightfall. A tendência, no entanto, não é essa, e é bem provável que o que venha aí seja uma evolução do álbum anterior, o bom A Twist In The Myth. Ou seja, um heavy metal agudo, técnico, com algo de prog, muitos coros e orquestrações. Mas sem o peso e a parte power metal de outrora, o que faz dos clones uma boa opção para quem quer algo “novo”.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

A Copa do Mundo e o Blind Guardian

Parece brincadeira, mas desde o Nightfall In The Middle-Earth que o Blind Guardian só lança álbum em ano de Copa do Mundo. E para os fãs é um evento quase tão grandioso e esperado.

Mas a verdade é que a banda tem deixado um pouco a desejar se levarmos em consideração o imenso tempo que os caras levam para lançar seus álbuns. A Night At The Opera e A Twist In The Myth nem são ruins, mas são mais fracos que os grandes clássicos, que foram gerados em uma fase mais criativa e "ligeira", digamos.

E, em tempos de primeira Copa do Mundo num país africano, o Blind Guardian prepara o lançamento de seu novo álbum, chamado At The Edge Of Time, para o penúltimo dia de julho (poucos dias após o torneio de futebol conhecer seu campeão mundial, aliás). 

Algumas coisas sobre o álbum tem aparecido na internet nas últimas semanas. Trechos de músicas, diáris de gravações, breve lançamento de single e a divulgação da capa e tracklist final. E, pelo que se pode deduzir do que foi mostrado, parece que a banda não vai desistir e "voltar no tempo" para agradar seus fãs mais incomodados. Até a capa assusta um pouco, pois é "Rhapsodyana (of Fire)" demais.

Se agradar, ótimo. Senão, aparentemente o próximo só sairá em 2014, junto com a Copa do Brasil.



quarta-feira, 19 de maio de 2010

Long live Rock & Roll

Quando foi divulgado que Dio havia sido diagnosticado com câncer de estômago eu já previa que, infelizmente, ele não venceria a doença. Não porque o câncer é devastador, ou porque Dio era fraco, ou por qualquer motivo lógico. O que me dava certeza era o fato que Dio, mesmo aos 67 anos, ainda era um dos melhores vocalistas em atividade, não importando qual segmento da música; nada tão bom costuma durar por tanto tempo. O câncer era a mão gelada do destino tentando corrigir isso.

Tá, podem me acusar de exagero, já que 67 anos é bastante tempo num caso comum. Mas Dio não era um caso comum. No caso dele, enquanto estivesse vivo, uma legião de fãs o seguiria, querendo não só a banda Dio, mas também o Heaven & Hell (o melhor Black Sabbath dos últimos anos), e qualquer outra coisa em que ele estivesse envolvido. Não é por menos que sua participação no filme Metal: A Headbanger's Journey é uma das mais celebradas; não só por headbangers, diga-se.

Curiosamente existe uma parcela de fãs do Black Sabbath, meio surdos, que numa competição completamente irracional, comemoram sua morte como uma vitória de Ozzy Osbourne (aquele fantoche/morcego que gravou os primeiros álbuns da banda). Alguns até escreveram internet afora seus desprezos pelo Dio despejando seus alívios pelo "fim" da "disputa". A maioria, no entanto, se escondendo embaixo de nicknames ou justificando as opiniões pífias, ridículas e tendenciosas sob o título "jornalista".

A verdade é que, não importava a situação, país, período, Dio era adorado por fãs e colegas (que em muitos casos também eram fãs). Colocou seu nome na história do rock com álbuns essenciais, atitude exemplar e, principalmente, uma voz que jamais será igualada (embora Jorn Lande venha tentando com afinco). Dio será para sempre a voz do heavy metal.

Ronnie James Dio, 1942-2010

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Redemption, Snowfall On Judgement Day

Embora o Fates Warning não tenha terminado, fazendo até mesmo alguns shows esporádicos nos EUA (em 2009 foi apenas um, mas esse ano eles já tem umas seis apresentações previstas no site oficial), os fãs da banda estão carentes de um novo álbum já que a banda não lança nada novo desde o Fates Warning X, lançado em 2004. Mas especula-se muita coisa, desde um retorno de Frank Aresti à banda, até a efetivação de Bobby Jarzombek na bateria.


Enquanto o Fates Warning não volta efetivamente, o jeito é se contentar com os projetos dos membros, como o OSI, de Jim Matheus (com Kevin Moore, ex-Dream Theater, nos vocais e teclados, e o baterista do Porcupine Tree, Gavin Harrison), e o Redemption, com Ray Alder no vocal.


Mas o Redemption é mais que um projeto. Hoje é uma banda efetiva, lançando álbuns com relativa regularidade e um line up muito, muito competente, com Bernie Versailles na guitarra, Sean Andrews no baixo, Chris Quirarte na bateria, Greg Hosharian no teclado, Nick van Dyk (dono do negócio e principal compositor) na guitarra e teclado, e o já citado Ray Alder.


O último lançamento, Snowfall On Judgement Day, é meio que a comprovação de que o Redemption está estabilizado e deve ser encarado como banda, pois se nos álbuns anteriores existia uma sombra de falta de entrosamento entre os músicos, neste aqui a sombra sumiu completamente, evidenciando a criatividade dos caras.


E os fãs de Ray Alder no Fates Warning ficarão contentes ao ouvir sua performance em músicas como Black And White World, What Will You Say? e Unformed, pois a comparação é imediata e adequada. E tenho que ressaltar o quanto esse cara está cantando. Provavelmente um dos três melhores dentro desse sub-estilo do heavy metal, o prog metal.


Outra coisa que chama a atenção é o peso que o Redemption optou por evidenciar em algumas faixas. Leviathan Rising é o melhor exemplo disso, aliando riffs muito fortes, e uma letra condizente. Algo semelhante ao que fez o Symphony X em seu último álbum, Paradise Lost. No geral, inclusive, eu diria que as guitarras receberam atenção especial neste álbum, pois não só apresentam um peso mais “na cara”, como alguns dos timbres mais bonitos entre os lançamentos de 2009.


Não é necessário ficar elencando as qualidades de cada músico e suas respectivas participações no álbum. Basta dizer que tudo parece se encaixar com uma precisão quase orgânica, qualidade que a produção soube valorizar. E Snowfall On Judgement Day ainda tem a participação de James Labrie (Dream Theater) cantando com Alder na música Another Day Dies, um atrativo a mais para os fissurados por prog metal.