segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Awaken The Guardian remasterizado

Em 2005 a gravadora Metal Blade fez um relançamento especial do álbum Awaken The Guardian, do Fates Warning, lançado originalmente em 86. Nesse relançamento o áudio foi todo remasterizado, além de terem sido incluídos dois discos com material bônus. Um pacote bastante justo para um disco que pode ser encarado como um dos principais motivos pelo qual existe hoje o prog metal.

Awaken The Guardian solidificou o som que o Fates Warning já tinha demonstrado em seus dois trabalhos anteriores, Night Ön Brocken, de 84, praticamente uma demo alçada à condição de álbum, e The Spectre Within, de 85, que já demonstrava personalidade, embora as influências de Iron Maiden fossem ainda bastante perceptíveis. Aquele heavy metal com forte cacoete dos clássicos ingleses ainda estava lá, mas as composições de Jim Matheus, John Arch e Frank Aresti vinham carregadas de suas próprias características, sendo, talvez, a principal delas as constantes mudanças nos tempos das músicas. O Fates Warning ainda aprimorou seu som nos álbuns seguintes, mas Awaken The Guardian reserva pra si a condição de marco zero.

Esse foi o último álbum com a participação do vocalista John Arch, que deixou a banda e foi substituído por Ray Alder (que está na banda até hoje). O vocal de Alder combinou perfeitamente com a música desenvolvida pelo Fates Warning, mas os fãs sentem saudades de Arch. O primeiro vocalista tinha um estilo bastante peculiar, com agudos fortes, uma interpretação ímpar e, sobretudo, qualidade para reproduzir essas características ao vivo de forma praticamente perfeita.

Awaken The Guardian não é um clássico à toa. A primeira metade do álbum tem quatro músicas que estão entre as preferidas dos fãs até hoje, The Sorceress, Valley Of The Dolls, Fata Morgana e Guardian. A segunda metade começa com Prelude To Ruin e Giant’s Lore (Heart Of Winter), ambas com muitas mudanças de andamento e refrãos marcantes. A pequena instrumental Time Long Past serve de prelúdio para a última faixa, Exodus, uma das melhores de toda a carreira do Fates Warning e que resume, sozinha, toda a musicalidade do disco.

Nos bônus se destaca o DVD com o show em Sundance, de dezembro de 86. Trata-se de uma filmagem bastante amadora convertida e trabalhada para ficar em condições aceitáveis para esse lançamento. No entanto, a qualidade ainda é bastante sofrível, motivo pelo qual a banda até pede desculpas na introdução do show. Só que a qualidade é o de menos, já que essa é, provavelmente, a única gravação de um show da turnê de Awaken The Guardian. E a banda é praticamente perfeita no palco. O vocalista John Arch se destaca com uma performance acima da média, enquanto a dupla de guitarristas, Jim Matheus e Frank Aresti, consegue reproduzir de forma precisa o foi gravado nos álbuns. O baterista Steve Zimmerman e o baixista Joe DiBiase fazem suas partes adequadamente também, embora a qualidade do som do vídeo os prejudique em diversos momentos.

Um depoimento de um fã no encarte desse relançamento do Awaken The Guardian resume bem o sentimento da época e o impacto que o disco teve sobre ele. “Eles tinham o exato som que eu estava procurando em uma banda nova. O primeiro álbum que eles lançaram após eu me tornar fã foi o Awaken The Guardian. Eu estava muito interessado em saber o que eles iam fazer em seguida e não fiquei nem um pouco decepcionado. De fato, eu fiquei completamente estupefato. Eu devo ter ouvido esse disco uma mil vezes, conhecendo cada quebrada e cada volta no tempo (e tinha um monte delas)”.

Esse fã ainda elogia de forma bastante efusiva todo o disco, e conta que esteve no show de 86 em Sundance, quando entregou a Jim Matheus e John Arch a demo de sua banda e como, no dia seguinte, recebeu um telefonema do guitarrista, dando início a uma amizade que dura até hoje. A demo em questão era de uma banda chamada Majesty e o fã era o seu então jovem baterista, Mike Portnoy.


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