domingo, 12 de fevereiro de 2012

Amorphis, Carioca Club, 08/02/2012

Eu já fiz uma resenha de show do Amorphis nesse blogue. Naquela oportunidade tratava-se da primeira apresentação da banda finlandesa no Brasil, algo que eu esperava há muito tempo, e embora o show tenha sido muito bom, a empolgação e a satisfação ditaram o rumo dos comentários.

Nesta segunda apresentação do Amorphis, divulgando o álbum The Beginning Of Times (11), foi possível apreciar o show com mais imparcialidade, mais crítica, e chegar a uma opinião menos dominada pela emoção. Mas a verdade é que os comentários entre os dois textos ficarão muito parecidos, pois a conclusão que tenho é que a banda mereceu todos os elogios da primeira vez; e os mereceu novamente.

Embora divulgando o último disco, apenas duas músicas novas fora tocadas, Song Of The Sage, que abriu o show, e You I Need, primeiro single do disco, e seria legal ter visto outras, como Mermaid, My Enemy e Crack In A Stone. Talvez esse tenha sido a única falha do setlist.

Curiosamente foi o mesmo comportamento no show do Via Funchal, quando também tocaram apenas duas do Skyforger (09), o disco em divulgação daquela turnê. Dessa vez, no entanto, Skyforger foi a base do set, com Sampo, Silver Bride, Sky Is Mine e a surpreendente Majestic Beast, uma das mais comemoradas pelos fãs.

A fase antiga do Amorphis não foi esquecida, e os clássicos Black Winter Day, My Kantele, Of Rich And Poor, Alone, e as surpresas de Vulgar Necrolatry e Into Hiding, estavam lá e foram surpreendentemente muito bem recebidas pelo público (que claramente estava mais familiarizado com os discos mais recentes).

E, nesta segunda apresentação do Amorphis no Brasil, foi legal comprovar o carisma que os finlandeses apresentam no palco. O vocalista Tomi Joutsen realmente toma grande parte da atenção do público, mas mesmo discretamente, os outros músicos fazem suas partes de forma bastante significativa. A interação com o público chegou ao ápice com a opção de escolha entre músicas do Elegy (96), Of Rich And Poor e Against Widows; algo inusitado que divertiu a platéia (alguns dos fãs, inclusive, exageravam nas tentativas de mostrar sua preferência, o que foi muito engraçado).

Foi um ótimo show.


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Semblant, Last Night Of Mortality

Antes de comentar sobre o primeiro disco do Semblant, Last Night Of Mortality, cabe aqui um histórico curioso. No auge do Orkut, entre 2005 e 2008, quando os usuários utilizavam o site de relacionamentos para conversar de fato, lembro de Sérgio Mazul, vocalista do Semblant. De vez em quando ele aparecia na comunidade do Morgana Lefay para conversar sobre a banda sueca, de quem sempre se disse fã, e promover a sua própria.

Hoje, com o primeiro álbum do Semblant rolando no aparelho de som, percebo que, embora o estilo seja outro, uns toques de Morgana Lefay podem ser identificados aqui e ali no som da banda de Sérgio. Inclusive, não é surpreendente que a primeira voz a surgir no alto-falante seja exatamente a de Charles Rytkonen, vocalista do Morgana Lefay. Convidado especial, o sueco é o responsável pela narração da intro auto-intitulada do disco.

Lançado em 2010, Last Night Of Mortality é bastante surpreendente. Embora possa ser descrito como gothic metal, a sonoridade é um pouco mais ampla, e o peso bastante descarado.

Esse peso, em grande parte, tem como culpada a guitarra, que recebeu um tratamento de protagonista, sem precisar disputar espaço com o teclado, que também tem seu espaço garantido, embora atuando mais como coadjuvante.

No geral me sinto confortável em comparar o som do Semblant com o dos holandeses do After Forever. É um gothic metal com ênfase no metal, deixando o gothic apenas como um diferencial.

E, como complemento, é preciso citar a performance dos vocalistas. Katia Shakath, que já não está mais na banda, fez sua parte com bastante qualidade, enquanto Sérgio Mazul puxa para si a responsabilidade com uma variedade realmente impressionante. O vocalista conseguiu registrar vocais cantados, gritados e guturais e, em alguns momentos, chega a lembrar, pela versatilidade e não pelo timbre, o ícone Peter Tägtgren, do Hypocrisy.

São várias as músicas que posso citar como destaque. A “hypocrisyana” The Neptune Effect, Black Babylon, Deep In Dark Waters, com um clima meio Theli, do Therion, Sleepless... Enfim, é um ótimo disco de estréia.

Atualmente o Semblant já está divulgando um novo EP, com a nova vocalista Mizuho Lin, que pode ser ouvido através do MySpace dos caras.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Back On Trail

Mat Sinner nunca escondeu que é grande fã do Thin Lizzy e Phil Lynott. Tanto com o Sinner, ou com o Primal Fear, o baixista e vocalista alemão sempre faz questão de mostrar a influência da banda irlandesa em sua música, seja com covers ou como pura inspiração em suas composições.

Com o Primal Fear Mat Sinner já gravou Out In The Fields, da dupla Phil Lynott e Gary Moore, enquanto que com sua banda solo o cover foi de The Sun Goes Down, do Thin Lizzy, presente no disco The Nature Of Evil (98).

Agora, a influência de Thin Lizzy tem sido cada vez mais escancarada nos últimos discos do Sinner, embora bem aliada àquele hard rock meio heavy metal da banda. Em Crash & Burn (08) essa inspiração havia parecido enorme em Connection, música com uma vibe meio The Boys Are Back In Town, clássico do Lizzy. Já em One Bullet Left, disco do ano passado, Mat Sinner tenta até mesmo incorporar o estilo de cantar de Lynott na faixa Back On Trail.

One Bullet Left é um disco bem legal, Back On Trail acabou virando o primeiro single do CD e ganhou um clipe muito bem produzido.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Angela Gossow, os urros do Arch Enemy


Lembro-me com detalhes de uma conversa que tive com um amigo em 2000, quando o Arch Enemy anunciou Angela Gossow como nova vocalista da banda. E essa conversa foi baseada em dúvidas e preconceitos pelo fato de ser uma mulher assumindo os vocais de uma banda que, até então, havia contado com os urros de um homem.

O último disco do Arch Enemy com Johan Liiva nos vocais foi Burning Bridges, de 99, e era considerado como um dos melhores representantes do Gothenburg Sound, movimento que estava em alta naquela época. Exatamente por isso a suspeita era grande, já que ninguém podia imaginar que uma mulher conseguisse executar vocais tão legais (e brutais) quanto os registrados em Silverwing, The Immortal ou Demonic Science, faixas de destaque em Burning Bridges.

Mas hoje, doze anos e cinco discos depois, ninguém mais pensa que Angela Gossow está no lugar errado. E ninguém mais pensa se é uma mulher urrando a frente do Arch Enemy. A alemã conquistou rapidinho o respeito dos fãs e contribuiu muito para o crescimento que a banda encontrou desde a sua entrada.

E não poderia ser diferente. A vocalista, dona de muita presença, seja pela qualidade vocal, postura ou beleza, garantiu um acréscimo de agressividade ao som do Arch Enemy que poucos poderiam imaginar. Desde sua estréia em Wages Of Sin (01), a banda só aumentou seu status e a base de fãs.

E se Wages Of Sin foi a estréia, Anthems Of Rebellion (03) e Doomsday Machine (05) foram os responsáveis por consolidar a vocalista como a nova “cara” da banda. Esses dois discos apresentaram várias músicas que se tornaram clássicos, como Silent Wars e Nemesis, e ainda figuram como os dois melhores registrados pelo Arch Enemy, muito à frente dos três primeiros, com Liiva nos vocais.

Hoje é natural pensar em Arch Enemy com Angela Gossow. E a idéia de preconceito e dúvida sobre sua qualidade acaba parecendo algo bobo e descabido. Mas isso existiu e na época os fãs ficaram divididos. De um lado ficaram aqueles que simplesmente desistiram da banda; do outro, aqueles que primeiro queriam saber o que ia acontecer dali em diante para depois julgar. Foram poucos os fãs incondicionais.

Mas gosto de pensar que, independente do lado escolhido, 100% dos fãs acabaram aprovando a vocalista. E, de fato, Angela Gossow não merecia nada diferente disso.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A Rose For Epona

Em 2008 quando lançou Slania, seu segundo álbum, o Eluveitie começava a passar da fase de “banda iniciante” para a de “banda promissora”. Na Europa o folk metal se fortalecia cada vez mais e a banda suíça dava seu primeiro passo com a Nuclear Blast, o que garantiu boa visibilidade dentre as tantas novidades no estilo.

No entanto, aqueles que descobriram a banda em seu primeiro álbum, Spirit, de 2006, chiaram um pouco, pois nesse segundo disco algumas mudanças no som já podiam ser notadas. Mudanças suaves, mas que significavam indícios de que algo maior poderia vir.

Os lançamentos seguintes confirmaram essa tendência do Eluveitie. Embora Evocation I tenha sido totalmente focado na parte folk, acústico e com ênfase nos vocais femininos, Everything Remains (As It Never Was) mostrou um apelo muito maior, com melodias mais simples e grudentas, maior participação das vocalistas (o que significou menos vocais guturais) e um distanciamento da parte mais extrema do tipo de heavy metal que a banda executava em seus primeiros discos.

E essa mudança parece vir com mais força no novo álbum, Helvetios, previsto para ser lançado na Europa em 10/02. Tal suposição é baseada na faixa escolhida para o primeiro clipe, A Rose For Epona, que não é uma música ruim, mas que é sensivelmente mais moderna, bastante semelhante ao que fazem os italianos do Lacuna Coil. Nem mesmo a “parte folk” da música serve para aproximar a composição aos bons momentos de Spirit e Slania.

Claro que se trata de uma análise antecipada, já que uma música apenas não serve de amostragem para julgar um disco todo. Mas minha torcida é que o restante do disco não seja na linha de A Rose For Epona.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Tattoo

Depois de muita enrolação, muitos ensaios, muitos atrasos, eis que o Van Halen (e cada vez mais Van Halen de fato) aparece com algo novo e concreto, o clipe de Tattoo. A música é o primeiro single do novo disco da banda, A Different Kind Of Truth, previsto para o começo de fevereiro.

Embalada por um clipe que mais parece uma versão atualizada de Jump, Tattoo é uma música simples, que não mostra a genialidade que é sempre atribuída a Eddie Van Halen, mas que dificilmente vai passar em branco.

Esse single já vem acompanhado de uma série de polêmicas. Fãs acusam a banda de ter apenas reaproveitado uma música antiga e nunca utilizada, ao invés de criar algo novo (o que o Megadeth fez muito bem em seu último disco, aliás). E algumas críticas reclamam da falta dos backing vocals de Michael Anthony, excluído desse retorno do Van Halen para a estréia do baixista Wolfgang Van Halen, filho de EVH.

Mas se a música não é genial, David Lee Roth pelo menos faz sua parte com dignidade. Longe de sua época áurea, o vocalista acerta com tons mais confortáveis e boa interpretação, já que os anos de alcance e potência ficaram pra trás.

Não é ruim, mas hoje existe o Chickenfoot...

domingo, 8 de janeiro de 2012

Forbidden, o último disco do Black Sabbath


O final de 2011 trouxe a notícia de mais uma reunião do Black Sabbath. Sim, a formação original se reuniu e, para 2012, promete um disco novo de músicas inéditas (com produção de Rick Rubin) e uma turnê mundial. Provavelmente tudo isso será seguido por uma nova separação, mas isso, embora bastante rotineiro na história da banda, já é outra fábula.

E esse anúncio de um disco de músicas inéditas do Black Sabbath fez minha memória funcionar. Com exceção feita à meia dúzia de músicas lançadas em discos ao vivo e coletâneas (se não me engano em Reunion, de 1998, e em The Dio Years, de 2007), o Black Sabbath não apresenta um trabalho inédito desde o altamente desvalorizado Forbidden, de 1995.

E é em Forbidden que eu queria chegar. O último álbum de verdade do Black Sabbath. Curiosamente, um disco que eu tinha acabado de redescobrir, após muitos e muitos anos sem ouvi-lo.

Lançado pela I.R.S. Records, Forbidden tinha em sua formação apenas Tony Iommi da formação original, ou seja, aproximadamente 60% do Black Sabbath (sim, é a minha matemática aplicada aqui). No baixo estava o experiente Neil Murray; na bateria o igualmente rodado Cozy Powell. E, no vocal, o contestado Tony Martin, que embora não fosse 100% aceito pelos fãs, fazia seu melhor em interpretações bem condizentes com as músicas do disco.

E hoje em dia me pergunto o porquê de Forbidden ser um álbum tão obscuro na discografia da banda. Ele tem muitas das características clássicas do Black Sabbath, além de diversos outros acréscimos. Mas, obviamente, a participação de Ice-T em The Illusion Of Power, além do descontentamento com o resultado final do disco de alguns dos próprios membros da banda à época (sobretudo com relação à produção de Ernie C, realmente abaixo da média) ajudaram a formar sua má reputação.

Mas é uma reputação merecida? Eu acredito que o tempo desgastou os fatores inerentes à época e que hoje o disco pode ser visto como um belo trabalho de uma das formações mais interessantes que o Black Sabbath já teve. Afinal, essencialmente, um bom disco é aquele formado por boas músicas. E isso Forbidden tem.

A primeira delas, inclusive, é a já citada The Illusion Of Power, com seu andamento extremamente carregado e sombrio, mostrando aquele Black Sabbath que é a base em que se formou o doom metal. Diga-se de passagem, Ice-T mal aparece na música, fazendo apenas alguns backing vocals e uma passagem narrada curta.

Tony Iommi, como sempre, mantém a fama de mestre dos riffs com alguns realmente memoráveis, como em Get A Grip, Shaking Off The Chains e Sick And Tired (essa também com um solo muito bonito). Um bom gosto que, por si só, já é quase garantia de qualidade.

Outro ponto alto é a bela participação do finado Cozy Powell, acrescentando pedais duplos bem utilizados aqui e ali, expediente não muito comum na discografia do Black Sabbath.

Enfim, embora tenha muitas qualidades, Forbidden ainda é desconhecido pela grande maioria, mesmo com a facilidade que a internet oferece. E, mesmo se tratando de um disco que merecia ser lembrado mais vezes pelo fãs do Black Sabbath, em breve perderá sua maior característica, que é ser justamente o último disco de músicas inéditas da banda, entrando cada vez mais num esquecimento forçado e injusto.