sábado, 25 de setembro de 2010

Hypocrisy destroys São Paulo


Quem diria que uma quarta-feira despretensiosa seria dona de um dos melhores shows a que pude assistir até hoje? Pois foi exatamente isso que aconteceu no último dia 22, quando os suecos do Hypocrisy fizeram sua primeira e única apresentação no Brasil, como parte da turnê do último álbum, A Taste Of Extreme Divinity. E desde a entrada do público era possível identificar fãs que esperavam muitos e muitos anos pela oportunidade de ver a lenda Peter Tägtgren e seus companheiros.

Antes, no entanto, tivemos a abertura com o Genocídio, que fez uma apresentação muito competente e completamente condizente com a banda principal da noite. Os caras acabaram se lançar seu sétimo álbum, The Clan, e com certeza fizeram bom uso do palco, pois seu show foi muito bom.

A espera pelo Hypocrisy foi recompensada com um show espetacular. Mesmo com os limitadores impostos pela casa de shows, como o palco minúsculo, os suecos venceram pela qualidade de sua história: músicos muito experientes e um repertório que soube agradar a todos.

E o show conseguiu ser realmente um best of do Hypocrisy; de seus onze álbuns apenas o Catch 22 não teve sua representante no setlist. Algumas músicas apareceram apenas em medleys, mas mesmo assim foi o suficiente para que o fã tivesse a impressão de ter sido contemplado da melhor forma possível.

O show teve início com duas das melhores do último álbum, Valley Of The Damned e Hang Him High, que foram sendo sucedidas por clássico atrás de clássico dos suecos. Não faltaram Fractured Millenium, The Fourth Dimension, Killing Art, A Coming Race, Penetralia e Adjusting The Sun. Os álbuns mais novos também mostraram força, com a “romântica”, segundo Tägtgren, Let The Knife Do The Talking e Warpath, ambas do Virus.

Mas duas músicas devem ser mencionadas como destaque, pois a reação que causaram no público foi realmente impressionante. Eraser, do The Arrival, e Roswell 47, do Abducted. A segunda, inclusive, foi a responsável por finalizar a apresentação dos caras após aproximadamente uma hora e quarenta e cinco minutos de show.

Para quem enfrentou viagem para ver o Hypocrisy, seja de carro, avião ou ônibus, a sensação é a de que todo o cansaço valeu à pena e seria tudo refeito numa próxima oportunidade. Para os paulistanos, fica o orgulho de ter sido a única cidade a receber uma das grandes bandas dos anos 90 e que ainda é sinônimo de qualidade extrema no heavy metal.


domingo, 19 de setembro de 2010

Quem vai ocupar a vaga de Mike Portnoy?


Mike Portnoy anunciou que estava deixando o Dream Theater porque já não conseguia com a banda o mesmo grau de satisfação que tem encontrado com seus projetos paralelos. O resto do Dream Theater, por sua vez, anunciou que sente a decisão do baterista, mas que não vai parar suas atividades e que é bem provável que o novo álbum dos caras chegue às lojas logo no início de 2011.

Mas os fãs sentiram demais a separação e desde que o anúncio de Portnoy foi publicado milhares de teorias e temores foram se espalhando pela internet, grande parte deles se referindo a um possível fim do Dream Theater. Mas com a afirmação da banda de que o show vai continuar, os fãs direcionaram seu poder de especulação para outro tópico: quem irá assumir a vaga aberta por Portnoy?

De cara uma análise superficial já limita bem a imensa quantidade de candidatos, pois a vaga de Portnoy não se refere apenas à bateria. O cara era um dos maiores participantes do processo criativo do Dream Theater, no que se refere à música e letras, além de assumir muitas das responsabilidades da banda até então, desde a produção dos álbuns até a decisão sobre setlists de shows, cronogramas, edição e orientação dos seus produtos. Fora tudo isso, o baterista era o canal de comunicação mais ativo entre a banda e seu fã.

Tudo isso faz crer que o Dream Theater não vai à busca de um baterista que seja um clone de Portnoy, e sim de alguém cuja qualidade técnica seja o suficiente para a banda, mas que acrescente algo, ao invés apenas de conseguir executar o que já existe.

E muitos nomes têm surgido nas listas de discussão. Alguns causam calafrios nos fãs, enquanto outros são julgados como perfeitos, se não fossem impossíveis, como Neil Peart, por exemplo.

Virgil Donati aparentemente é o preferido dos fãs. Tem uma carreira sólida no prog metal e técnica acima de qualquer suspeita, além de já ter a experiência de ter trabalhado com o ex-Dream Theater Derek Sherinian.

O austríaco Thomas Lang é outro dos preferidos. Alguns fãs torcem o nariz, pois acham que ele não teria o punch necessário para substituir Portnoy. Mesmo assim, ele é lembrado constantemente nas discussões.

Outro que tem ganhado destaque nos últimos dias é Marco Minnemann, que tem em seu currículo gravações com bandas de metal extremo com orientação prog. É muito elogiado pelas performances nos últimos álbuns do Illogicist e do Ephel Duath.

Muitos brasileiros gostariam de ver Aquiles Priester no Dream Theater, enquanto outros argumentam a favor de Joey Jordison e Mike Terrana. Esses, no entanto, causam mais reações de repulsa do que de aceitação nos fãs mais die hard da banda norte-americana, sinalizando que dificilmente seriam aceitos como substitutos do ídolo Portnoy.

Outros nomes são citados a todo instante. Alguns até causam aquela sensação de que poderiam funcionar bem na banda, como Tomas Haake (do Meshuggah) e Gavin Harrison (do Porcupine Tree). E eu, como fã, também especulo e faço campanha por aquele que acho mais adequado para ocupar a vaga deixada por Portnoy: John Macaluso, do Ark.

Mas a teoria mais aceita como provável, e que por acaso também é a maior esperança do fã do Dream Theater, é a de que o próprio Portnoy grave a bateria do próximo álbum da banda. Na cabeça do fã é quase impossível existir Dream Theater sem Mike Portnoy, e isso, torcem eles, logo ficaria claro também para os músicos, que em breve acertariam seus problemas retomando do ponto onde se separaram.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O fim do Metalium

O Metalium anunciou seu fim. E o que começou de maneira surpreendentemente boa está programado para terminar em 2011 estacionado entre o mediano e o ruim.

A carreira dessa banda foi condenada pelo exagero de qualidade de seu primeiro álbum, Millenium Metal - Chapter One, de 1999, uma vez que os caras nunca mais conseguiram atingir algo razoavelmente próximo dele.

É certo que muito colaborou para o grande sucesso desse primeiro disco ter em sua formação músicos de talento e, até então, relegados ao underground alemão, e dois nomes de muito peso, Mike Terrana e Chris Caffery.

Terrana contribuiu não só com sua já conhecida qualidade técnica e a pegada violentíssima na bateria, como acrescentou narrações na introdução e no encerramento do álbum. Seu entrosamento com o baixista, e principal compositor, Lars Ratz, dava sinais até de que o Metalium poderia surgir, enfim, como a banda principal do nômade Mike Terrana.

Já Caffery formou com Mathias Lange uma das duplas de guitarristas mais promissoras em muito tempo. Impossível ficar citando riffs e solos de destaque, pois o álbum tem muito a mostrar nesse aspecto.

Fora isso tudo, o Metalium tinha como trunfo a voz de Henning Basse, ótimo vocalista que despontava como revelação na Alemanha tendo no currículo uma breve passagem pelo Brainstorm.

Mas Caffery e Terrana não ficaram para ver qual seria o destino da banda após o debut, e a partir daí as coisas foram decaindo álbum após álbum. E o primeiro disco foi aquilo, um primeiro passo que não conseguiu um sucessor à altura.

Os capítulos dois e três da saga dos metalianos, o conceito central das letras da banda, ainda conseguiram mostrar algumas faixas de qualidade, resquícios da criatividade extrema do primeiro disco. Já As One, a quarta parte da história, entregou um desgaste que nem a voz privilegiada de Basse conseguiu amenizar.

Os capítulos cinco e seis até podem ser vistos como uma espécie de recomeço. O baterista Michael Ehré passou a assinar mais (boas) composições e a banda se estabilizou definitivamente, lançando inclusive um segundo DVD. Nothing To Undo, o sexto capítulo, consegue até chamar a atenção com umas poucas músicas bastante convincentes, mas não o suficiente para tapar o buraco que as falhas já tinham aberto.

O fim, infelizmente, fica com os capítulos sete e oito, que ganham bastante notoriedade por serem exatamente os piores da carreira dos caras. Grounded, o último álbum até então, é bastante inferior, inclusive, ao seu antecessor, que já não era grande coisa.

Fica parecendo que a banda só tinha gás para um disco, o que não era verdade. Seus DVDs, inclusive, mostram músicos muito a fim de jogo em apresentações esforçadas e convincentes.

O fim, de acordo com a notícia postada no último dia 13 no site oficial da banda, se deve aos membros atuais terem muitas responsabilidades pessoais e profissionais para dividir com o Metalium. No entanto, a banda ainda fará alguns shows para um DVD e um disco que trará faixas ao vivo e mais algumas faixas inéditas.

Quando Millenium Metal - Chapter One foi saudado como um dos melhores álbuns de 1999 todos só conseguiam enxergar o Metalium como um das grandes bandas da década seguinte. Hoje é apenas uma grande decepção e um desperdício enorme de talento.

domingo, 12 de setembro de 2010

Highland Farewell


Servindo como uma espécie de aperitivo pré-lançamento do novo álbum, The Clans Will Rise Again, agendado para o primeiro dia de Outubro, o Grave Digger lançou recentemente o clipe para a faixa Highland Farewell.

Trata-se do primeiro disco com o novo guitarrista Axel "Ironfinger" Ritt (veterano da cena alemã, e um dos líderes do Domain), que entrou na banda, a princípio, apenas para completar a turnê do último álbum, mas que acabou ficando com a vaga em definitivo.

Uma música é pouco para definir o futuro do Grave Digger que, embora tenha lá sua parcela de fãs e defensores radicais, não apresenta um álbum reconhecidamente grandioso desde que o guitarrista Uwe Lullis deixou a banda após a bem sucedida trilogia composta por Tunes Of War, Knights Of The Cross e Excalibur. Highland Farewell, no entanto, nos deixa margem para a esperança, pois é provavelmente a melhor música da banda desde os clássicos dos álbuns citados acima.

domingo, 5 de setembro de 2010

Sitra Ahra e o “novo” Therion

Em 2007 o Therion alcançou seu ápice de criatividade com o álbum duplo Gothic Kabbalah. E tal constatação era facilmente observada, já que até esse CD a música da banda liderada pelo guitarrista sueco Christofer Johnsson consistia de algo razoavelmente simples enfeitado com corais e passagens orquestradas.

Esse ápice de criatividade se deve, em muito, ao fato das músicas de Gothic Kabbalah terem sido compostas não só por Johnsson, e sim pela banda toda, que naquela época tinha os irmãos Kristian e Johan Niemann, na guitarra e baixo respectivamente, o excepcional baterista (e guitarrista, e vocalista...) Peter Karlsson, além do grande Mats Léven entre os vocalistas. Tal expediente já havia se mostrado nos dois álbuns anteriores, Sirius B e Lemuria, mas com intensidade e resultados muito inferiores.

Pela primeira vez o Therion se mostrava realmente como uma banda estabilizada, com membros definidos e todos envolvidos com o processo de criação das músicas. E isso se refletiu em um CD de muitas qualidades. Graças a isso, o líder Johnsson resolveu demitir todo mundo.

Minha opinião, na época, é a de que foi uma decisão errada. No entanto, Johnsson sempre soube pra onde levar o Therion, e deve ter achado que era hora de retomar sua criação de volta para si e redirecionar sozinho o som que seria desenvolvido pela nova formação.

Depois de muito tempo, muitas especulações e uma nova formação, foi anunciado Sitra Arha para final de setembro, junto com milhares de especulações sobre o que esse novo Therion apresentaria.

Ainda é cedo para avaliar, mas graças a uma promoção da gravadora Nuclear Blast, direcionada aos fãs da banda, foi disponibilizado o download da faixa título do novo álbum a pouco mais de uma semana atrás.

E o que eu temia que acontecesse foi exatamente o que aconteceu. O Therion aparentemente retrocedeu e resgatou aquele som simples, mas pomposo, dos álbuns anteriores ao Gothic Kabbalah, mesclando riffs excessivamente simples, bases bastante genéricas, orquestrações e muitos coros e vocais.

Claro, essa é uma primeira impressão baseada em apenas uma das faixas do álbum. Existe esperança de que seja a impressão errada. Mas é impossível deixar passar o sentimento de que Johnsson pisou no tomate. 

A nova formação faz a sua parte, no entanto. Os músicos não têm muito que fazer dentro da limitação que a música impõe, mas no pouco que podem mostram que são músicos adequados, não escolhidos por acaso. Mas são meros coadjuvantes perante os vocais e arranjos. Como Johnsson deve gostar que sejam. Infelizmente.