domingo, 5 de setembro de 2010

Sitra Ahra e o “novo” Therion

Em 2007 o Therion alcançou seu ápice de criatividade com o álbum duplo Gothic Kabbalah. E tal constatação era facilmente observada, já que até esse CD a música da banda liderada pelo guitarrista sueco Christofer Johnsson consistia de algo razoavelmente simples enfeitado com corais e passagens orquestradas.

Esse ápice de criatividade se deve, em muito, ao fato das músicas de Gothic Kabbalah terem sido compostas não só por Johnsson, e sim pela banda toda, que naquela época tinha os irmãos Kristian e Johan Niemann, na guitarra e baixo respectivamente, o excepcional baterista (e guitarrista, e vocalista...) Peter Karlsson, além do grande Mats Léven entre os vocalistas. Tal expediente já havia se mostrado nos dois álbuns anteriores, Sirius B e Lemuria, mas com intensidade e resultados muito inferiores.

Pela primeira vez o Therion se mostrava realmente como uma banda estabilizada, com membros definidos e todos envolvidos com o processo de criação das músicas. E isso se refletiu em um CD de muitas qualidades. Graças a isso, o líder Johnsson resolveu demitir todo mundo.

Minha opinião, na época, é a de que foi uma decisão errada. No entanto, Johnsson sempre soube pra onde levar o Therion, e deve ter achado que era hora de retomar sua criação de volta para si e redirecionar sozinho o som que seria desenvolvido pela nova formação.

Depois de muito tempo, muitas especulações e uma nova formação, foi anunciado Sitra Arha para final de setembro, junto com milhares de especulações sobre o que esse novo Therion apresentaria.

Ainda é cedo para avaliar, mas graças a uma promoção da gravadora Nuclear Blast, direcionada aos fãs da banda, foi disponibilizado o download da faixa título do novo álbum a pouco mais de uma semana atrás.

E o que eu temia que acontecesse foi exatamente o que aconteceu. O Therion aparentemente retrocedeu e resgatou aquele som simples, mas pomposo, dos álbuns anteriores ao Gothic Kabbalah, mesclando riffs excessivamente simples, bases bastante genéricas, orquestrações e muitos coros e vocais.

Claro, essa é uma primeira impressão baseada em apenas uma das faixas do álbum. Existe esperança de que seja a impressão errada. Mas é impossível deixar passar o sentimento de que Johnsson pisou no tomate. 

A nova formação faz a sua parte, no entanto. Os músicos não têm muito que fazer dentro da limitação que a música impõe, mas no pouco que podem mostram que são músicos adequados, não escolhidos por acaso. Mas são meros coadjuvantes perante os vocais e arranjos. Como Johnsson deve gostar que sejam. Infelizmente.

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