segunda-feira, 25 de abril de 2011

Abandonando o navio

Na última semana, três boas bandas sofreram baixas significativas em seu line-up. Para começar, o vocalista Roy Khan, finalmente, anunciou sua saída do Kamelot. OK, isto não foi nenhuma surpresa, já que os americanos vinham excursionando sem seu vocalista norueguês, substituído por convidados, há algum tempo. Khan era o grande responsável pela identidade diferenciada da banda dentro do “universo cópia carbono” do heavy metal melódico, tendo um estilo muito pessoal, que já havia mostrado à frente do ótimo Conception. Mas se afastou da banda alegando esgotamento, e nem chegou a iniciar a turnê do último disco, “Poetry for the poisoned”.

Roy Khan, ao centro: fora.

As perspectivas para o Kamelot não são boas, se o caminho escolhido por eles daqui para frente for o mesmo seguido ao recrutar seu principal vocalista (supostamente) temporário, que foi Fabio Lione, do Rhapsody (of Fire). Substituir um vocalista único por um que pode até ser bom, mas é a própria encarnação dos clichês do estilo, não foi uma idéia feliz.

Mais surpreendente foi a notícia de que o guitarrista Jeff Loomis e o baterista Van Williams não fazem mais parte do Nevermore, reduzindo a banda ao vocalista Warrel Dane e o baixista Jim Sheppard, que está afastado por problemas de saúde. Ou seja, o Nevermore hoje se resume a Warrel Dane.

Jeff Loomis e Van Williams, 1º e 2º à esquerda: fora.

Os ex-membros alegaram “crises internas e problemas recorrentes” como as causas do rompimento. Pelo visto, já havia um racha entre os músicos, mas isto não era algo que viesse a público, anteriormente. O que transpareceu, e pode ser conseqüência das crises e problemas que os afetavam, foi uma queda na qualidade dos registros. O mais recente, “The obsidian conspiracy”(2010), mesmo tendo qualidades, rompeu com a tradição do Nevermore de sempre apresentar algum elemento novo e interessante em seus discos, sem perder seu estilo. É apenas mais do mesmo, e perde inclusive para os trabalhos solo de Dane (“Praises to the war machine”, de 2008) e Loomis (“Zero order phase”, instrumental, também de 2008).

Fica a dúvida sobre a possibilidade de existir um Nevermore sem os músicos que moldaram a sonoridade da banda.

Outra surpresa foi o Judas Priest, já em uma grande turnê de despedida das grandes turnês (vai entender...), perder seu guitarrista original, K. K. Downing, que decidiu se aposentar antes do restante da banda. Especulações sobre o estado de saúde do músico de 59 anos foram rechaçadas pelo próprio, que justificou sua decisão por estar tendo problemas de comunicação e relação com os colegas e seus empresários. O que faz parecer que a lendária banda anda se digladiando pelos dividendos da grande despedida. E não pouco, a ponto de levar alguém a abandonar, tão perto do fim, algo a que se dedicou por 43 anos.

K. K. Downing, 1º à esquerda: fora.

Pena, pois naquela que provavelmente será a última passagem do Judas pelo Brasil, repetindo a dobradinha com o Whitesnake que ocorreu em 2005, teremos um guitarrista substituto, um certo Richie Faulkner. Não é muito animador, mas eu vou estar lá, dia 10 de setembro.

Por outro lado, isto significa que a aposentadoria dos outros integrantes deve mesmo ser iminente. Dificilmente se pode pensar em um novo disco sem Downing. Se era mais uma daquelas despedidas de mentira, agora provavelmente será bem real.

sábado, 16 de abril de 2011

Joelho de Porco – “São Paulo – 1554/Hoje”

O Joelho de Porco aparece na Wikipédia como “um dos maiores grupos do rock-humor brasileiro”. Nada mais injusto. Embora suas letras contenham doses cavalares de humor, o Joelho foi sim uma das maiores bandas de rock que esse país já teve, e seu humor inteligente, bem diferente de coisas infantis como os Mamonas Assassinas da vida, estava contido em letras muito bem escritas. Sua discografia é bissexta e de qualidade irregular, mas este “São Paulo – 1554/Hoje”, de 1976, é sem dúvida um dos melhores discos de rock gravados no Brasil.

O núcleo central da banda eram o baixista e compositor Tico Terpins e o vocalista (que também fora baterista) Próspero Albanese. A performance do cantor, em especial, é espetacular. Músicas como “Aeroporto de Congonhas”, “Boeing 723897” e “São Paulo by day” são hinos do cotidiano maluco na metrópole. “Cruzei meus braços... fui um palhaço” e “A lâmpada de Edison” misturam ironia e poesia de forma única.

Outro erro que frequentemente se comete com o Joelho é considerar a banda como “precursora do punk brasileiro”. O que se ouve aqui é hard rock dos bons, bem composto e bem executado. Músicos acima de qualquer suspeita, como Mozart Mello e Wander Taffo, passariam pela banda no futuro, mas este disco conta com o guitarrista original Walter Baillot, que em nada fica devendo aos seus sucessores.

Como aperitivo, fiquem com a guitarraria insana e a crítica à classe média de “Meus 26 anos”:

quinta-feira, 14 de abril de 2011

The Ride

O Mindflow cresce de qualidade a cada álbum. Seu último disco, 365, é mais direto e menos prog que o anterior, Destruction Device. E isso não é demérito. O acréscimo de peso em músicas sensivelmente mais curtas permite uma assimilação bem mais rápida.

Não que a simplicidade tenha tomado conta do som do Mindflow. Não é isso. Toda a técnica do quarteto está lá e as composições ainda abraçam características do prog metal em diversos momentos do disco. Mas a sensação é a de que os caras quiseram ir direto ao ponto.

E, na minha humilde opinião, eles acertaram completamente. The Ride, faixa que ganhou videoclipe com cenas tiradas das turnês, é uma das que melhor define o rumo que o som do Mindflow tomou nesse disco.