terça-feira, 14 de setembro de 2010

O fim do Metalium

O Metalium anunciou seu fim. E o que começou de maneira surpreendentemente boa está programado para terminar em 2011 estacionado entre o mediano e o ruim.

A carreira dessa banda foi condenada pelo exagero de qualidade de seu primeiro álbum, Millenium Metal - Chapter One, de 1999, uma vez que os caras nunca mais conseguiram atingir algo razoavelmente próximo dele.

É certo que muito colaborou para o grande sucesso desse primeiro disco ter em sua formação músicos de talento e, até então, relegados ao underground alemão, e dois nomes de muito peso, Mike Terrana e Chris Caffery.

Terrana contribuiu não só com sua já conhecida qualidade técnica e a pegada violentíssima na bateria, como acrescentou narrações na introdução e no encerramento do álbum. Seu entrosamento com o baixista, e principal compositor, Lars Ratz, dava sinais até de que o Metalium poderia surgir, enfim, como a banda principal do nômade Mike Terrana.

Já Caffery formou com Mathias Lange uma das duplas de guitarristas mais promissoras em muito tempo. Impossível ficar citando riffs e solos de destaque, pois o álbum tem muito a mostrar nesse aspecto.

Fora isso tudo, o Metalium tinha como trunfo a voz de Henning Basse, ótimo vocalista que despontava como revelação na Alemanha tendo no currículo uma breve passagem pelo Brainstorm.

Mas Caffery e Terrana não ficaram para ver qual seria o destino da banda após o debut, e a partir daí as coisas foram decaindo álbum após álbum. E o primeiro disco foi aquilo, um primeiro passo que não conseguiu um sucessor à altura.

Os capítulos dois e três da saga dos metalianos, o conceito central das letras da banda, ainda conseguiram mostrar algumas faixas de qualidade, resquícios da criatividade extrema do primeiro disco. Já As One, a quarta parte da história, entregou um desgaste que nem a voz privilegiada de Basse conseguiu amenizar.

Os capítulos cinco e seis até podem ser vistos como uma espécie de recomeço. O baterista Michael Ehré passou a assinar mais (boas) composições e a banda se estabilizou definitivamente, lançando inclusive um segundo DVD. Nothing To Undo, o sexto capítulo, consegue até chamar a atenção com umas poucas músicas bastante convincentes, mas não o suficiente para tapar o buraco que as falhas já tinham aberto.

O fim, infelizmente, fica com os capítulos sete e oito, que ganham bastante notoriedade por serem exatamente os piores da carreira dos caras. Grounded, o último álbum até então, é bastante inferior, inclusive, ao seu antecessor, que já não era grande coisa.

Fica parecendo que a banda só tinha gás para um disco, o que não era verdade. Seus DVDs, inclusive, mostram músicos muito a fim de jogo em apresentações esforçadas e convincentes.

O fim, de acordo com a notícia postada no último dia 13 no site oficial da banda, se deve aos membros atuais terem muitas responsabilidades pessoais e profissionais para dividir com o Metalium. No entanto, a banda ainda fará alguns shows para um DVD e um disco que trará faixas ao vivo e mais algumas faixas inéditas.

Quando Millenium Metal - Chapter One foi saudado como um dos melhores álbuns de 1999 todos só conseguiam enxergar o Metalium como um das grandes bandas da década seguinte. Hoje é apenas uma grande decepção e um desperdício enorme de talento.

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