terça-feira, 19 de outubro de 2010

Symphorce, Unrestricted

Desde que foi criado, em 98, pelo vocalista Andy B. Franck após deixar a banda de prog metal alemã Ivanhoe, o Symphorce nunca conseguiu atingir um posto de grande destaque. Mesmo mantendo uma razoável regularidade e uma sensível evolução na qualidade de sua música, o quinteto alemão parece não muito preocupado em usar todos os elementos que seriam capazes de agradar de forma mais direta e fácil o seu público alvo.

Por outro lado, não agradar a todos nunca foi sinônimo de qualidade no heavy metal, de forma que o Symphorce chega muito bem ao seu sétimo álbum mantendo diversas características que se tornaram elementos chaves de sua música, mas conseguindo agregar novos e resgatar detalhes abandonados ou suavizados em momentos anteriores.

Unrestricted é, sem dúvida alguma, um bom álbum. Não consegue superar a dupla anterior, GodSpeed (05) e Become Death (07), mas graças a uma regularidade impressionante que o Symphorce consegue imprimir em seus trabalhos, é possível colocá-lo lado a lado a qualquer um de seus antecessores sem que suas disparidades sejam percebidas sem o emprego de muita atenção.

A primeira faixa, The Eternal, é típica dos alemães. A cadência prioriza o peso, destacando o baixo de Dennis Wohlbold e o peso das guitarras, enquanto os tradicionais efeitos eletrônicos pontuam positivamente.

Until It’s Over, The Last Decision e Worlds Seem To Collide destacam a qualidade criativa dos guitarristas Cedric C. Dupond e Markus Pohl, que nunca se rendem ao exibicionismo. Em certos momentos pode-se notar um flerte com as guitarras típicas do power metal alemão, como no riff e no refrão de The Waking Hour.

Em diversos momentos de Unrestricted é possível encontrar uma sonoridade que mescla o tradicionalismo do heavy metal com passagens soturnas semelhantes à de bandas como o Paradise Lost. Tal característica marcou o primeiro álbum do Symphorce, Truth Of Promises (99) e nunca foi abandonada pela banda, embora tenha sido suavizada em seus últimos trabalhos. Neste novo álbum, no entanto, podemos notar tal sonoridade em várias faixas, mas Whatever Hurts é a que mais se destaca nesse aspecto.

E Andy B. Franck merece seu próprio parágrafo, já que é em Unrestricted que ele conseguiu registrar sua melhor performance até hoje, soando muito confortável nessa sonoridade moderna e cadenciada que sua banda pratica. É possível deduzir que no Symphorce Franck é livre para ousar com sua voz, indo desde seus costumeiros agudos até os vocais mais agressivos e emocionais de Do You Ever Wonder, ao contrário do que acontece em sua outra banda, o Brainstorm, onde o vocalista parece seguir uma linha vocal mais tradicional do heavy metal.

Unrestricted não vai colocar o Symphorce entre as bandas mais populares do heavy metal, sobretudo porque sua proposta de incrementar o metal tradicional com modernismos ainda é vista de forma desconfiada por grande parte do público headbanger. No entanto, os fãs da banda não ficarão insatisfeitos, pois se trata de um disco elegante, pesado e tecnicamente impecável, o que, em outras palavras, é a mesma coisa que dizer que se trata de um típico trabalho do Symphorce.

Imagens: http://www.myspace.com/symphorcepower

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