sábado, 9 de outubro de 2010

Estaria o Rage trilhando o caminho do Savatage?

Em 1999, próximo ao lançamento do álbum Ghosts, Peavy Wagner se viu sozinho no Rage quando o restante da banda resolveu largar mão do heavy metal e se dedicar a uma banda de pop rock. Peavy, àquela altura, era a figura central acumulando grande parte da composição de música e letra da banda, então os fãs acabaram sentindo mesmo apenas a saída do baterista Chris Efthimiadis. Chris já era membro de longa data do Rage e fizera parte da formação considerada clássica (com o guitarrista Manni Schmidt) participando de álbuns como Perfect Man (88) e The Missing Link (93), álbuns até hoje saudados e, no ponto de vista de alguns fãs mais tradicionais, nunca superados.

Para o lugar de Chris veio Mike Terrana, que hoje já não está mais no Rage, e para o lugar da dupla Sven Fischer e Spiros Efthimiadis foi chamado o guitarrista russo Victor Smolski.

Smolski era razoavelmente desconhecido, mas conquistou seu espaço e, aos poucos, foi se tornando cada vez mais importante para o Rage, tornando-se o produtor, o principal compositor e, possivelmente, a chave para o sucesso tardio que a banda tem encontrado nos últimos anos. As conquistas do último álbum, Strings To A Web, lançado no início desse ano, são indicadores dessa façanha, tendo levado a banda aos trinta primeiros nos charts comuns da Alemanha e a uma renovação de seu contrato com a Nuclear Blast, a grande gravadora de heavy metal na atualidade.

Mas uma das grandes conquistas de Smolski me incomoda por se parecer demais com uma história já conhecida e documentada com um final infeliz.

O guitarrista tornou-se o grande parceiro de Peavy na fusão de heavy metal com orquestra, algo que sempre esteve em pauta com o Rage. E, nos últimos álbuns, Smolski manteve essa ligação com músicas como Lord Of The Flies e Empty Hollow. Junto a isso, a banda vinha tocando em shows muito procurados acompanhados de orquestra. Essa união havia sido batizada de Lingua Mortis Orchestra ainda em 96, quando Peavy havia realizado seu sonho de unir o Rage aos instrumentos clássicos no álbum Lingua Mortis.

Graças a esse sucesso, e não querendo prejudicar o heavy metal da banda, Peavy e Smolski decidiram que a Lingua Mortis Orchestra, a partir de então, será um projeto à parte, com seus próprios álbuns e shows, deixando o Rage livre para seguir adiante sua história.

A LMO terá seus lançamentos também através da Nuclear Blast e, sendo desvinculada do Rage, embora sendo em essência o próprio Rage, terá outros músicos convidados, ampliando o potencial das músicas, que serão totalmente orquestradas.

Em essência uma história muito parecida com o que aconteceu com o Savatage e o projeto Trans-Siberian Orchestra, que culminou com o fim da banda e o sucesso estrondoso da TSO.

No entanto, à época, a banda norte-americana não passava por um período muito bom. Embora tivesse lançado três grandes álbuns na seqüência, Dead Winter Dead (95), The Wake Of Magellan (98) e Poets And Madmen (01), a formação sofria com as idas e vindas do guitarrista Al Pitrelli, e a saída de Zak Stevens, a voz principal da banda desde 93. Isso aliado à demanda pela TSO fez com o Savatage entrasse num torpor que o mantém inativo até hoje.

Já a banda alemã desfruta de uma situação diferente, com um crescimento bastante notável com os últimos álbuns e uma formação até então sólida (o último membro a entrar na banda, o baterista Andre Hilgers, já gravou dois álbuns e foi totalmente aceito pelos fãs). São indícios de que sua carreira pode não ser ofuscada pela Lingua Mortis Orchestra e que esses dois lados do Rage poderão coexistir sem problemas conjugais.

Mas que a história é assustadoramente parecida com a do Savatage, isso é.

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