quinta-feira, 8 de julho de 2010

The New Old Brazillian Thrash Metal


A “nova onda” do thrash mundial atingiu o Brasil, claro. Tradicionalmente dono de uma cena que sempre revelou bandas que apostavam no peso e na violência do thrash metal, não seria dessa vez que o país se esconderia sem revelar ninguém para o mundo. No caso atual, a banda que agrada aos olhos dos gringos é o Violator, do Distrito Federal, que apela para aquela linha visceral do estilo, unindo a atitude dos heróis da Bay Area norte-americana com a pancadaria sonora dos thrashers germânicos.

No entanto, esse interesse renovado pelo thrash metal, que tem gerado bandas novas a todo instante, tipo o Municipal Waste e o Warbringer, bem como resgatando do limbo outras essenciais para a definição do estilo, como o Heathen, se mostrou muito mais favorável não à nova safra do thrash brasileiro, e sim à antiga.

Embora as novas crias do thrash nacional estejam sendo citadas internet afora em sites e blogues especializados, saudadas pelos estrangeiros e cogitadas para turnês na Europa e Japão, são duas bandas das antigas que recentemente conquistaram novos contratos com gravadoras realmente relevantes dentro do heavy metal e devem subir mais alguns degraus nos próximos anos: Sepultura e Korzus.

O Sepultura passou por alguns anos complicados. Viu seu status de sucesso mundial cair para um status de banda de heavy metal com passado glorioso. Mas com o lançamento de A-Lex, de 2009, seu último (e ótimo) álbum de estúdio, ficou claro que os caras ainda têm muito a mostrar e a boa recepção ao disco os levou a um contrato com a gravadora mais importante hoje no heavy metal, a alemã Nuclear Blast.

Esse contrato com a Nuclear Blast, no entanto, é diferente do que a banda estava acostumada, pois a gravadora alemã é independente, ou seja, as verbas serão bem menores que as que o Sepultura estava acostumado na época em que fazia parte do mainstream. Mesmo assim, a visibilidade será maior dentro do verdadeiro público da banda hoje, que é o headbanger.

O caso do Korzus é semelhante, mas difere num tópico em particular. Ao contrário do Sepultura, a banda paulistana nunca atingiu o mainstream, ficando relegada ao underground nacional, mas sempre tidos como heróis do estilo.

Mas depois de Ties Of Blood, de 2004, a banda surpreendeu com uma força que muitos achavam que não existia. E essa força impulsionou sua carreira de tal forma que todo o esforço foi recompensado com um contrato com a alemã AFM Records (dona de um cast com Annihilator, Avantasia, Destruction e Brainstorm, por exemplo) para o lançamento de seu novo álbum, Discipline Of Hate, no continente europeu.

Pode não parecer muito, mas o trabalho da gravadora já começa a mostrar resultados, que podem ser conferidos pelas resenhas positivas que o álbum tem conseguido em publicações e sites europeus. Além disso, Schmier, do Destruction, fez a gentileza de tecer comentários animadores sobre o CD, o que confere ao lançamento uma espécie de “selo de qualidade thrash metal”. Tal prática já havia sido utilizada por Mille Petrozza, do Kreator, outra lenda do thrash alemão, sobre o último álbum dos gregos do Suicidal Angels, e a repercussão foi grande.

Estar no cast da Nuclear Blast e da AFM Records provavelmente vai proporcionar ao Sepultura e ao Korzus algumas turnês mundiais junto com artistas (hoje) mais populares dos casts das duas empresas. Fora isso também deve garantir a presença das duas bandas em alguns dos festivais europeus mais importantes, o que os colocam sendo assistidos por públicos que variam de dez a sessenta mil pessoas, uma situação bastante favorável.

Claro que tudo depende da forma como ambas reagirão ao mercado europeu, ou ao trabalho com as novas gravadoras, mas para o thrash metal brasileiro é extremamente saudável que duas das maiores forças históricas estejam alcançando espaços merecidos no maior mercado do heavy metal mundial.

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