sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Business Metal

Nota-se que, a cada dia, o heavy metal vira negócio, indo numa direção contrária àquela que era observada nos anos 80, o “auge” do estilo, quando as bandas pregavam a “undergroundelidade” em detrimento ao profissionalismo. Todos sonhavam em viver de sua própria música, claro, mas aquele que conseguia, tornava-se, quase que imediatamente, traidor do movimento.

E o que me faz afirmar que o profissionalismo se instala no heavy metal? É a qualidade das produções? É o esmero com as composições? É o fato de que mais e mais bandas atingem o público através de grandes festivais e turnês mundiais? Nada disso. O que me faz pensar que o heavy metal tornou-se negócio rentável é a simples briga pelo dinheiro que a música gera. E em alguns casos parece gerar bastante.

Antes, quando uma banda se separava de algum dos membros, sempre era aquela história de “continuamos amigos, mas ele prefere curtir sua família ao invés de viajar”, ou o clássico “diferenças criativas e musicais”. Hoje em dia a coisa é mais grave, e os ex-brothers of metal preferem brigar por direitos que vão desde a um punhado de músicas, até o próprio nome da banda.

E a coisa tem sido bastante comum ultimamente. Uwe Lulis, por exemplo, se declarou responsável pela parte épica que acometeu o Grave Digger nos hoje clássicos Tunes Of War, Knights Of The Cross e Excalibur, álbuns que levantaram a moral da banda quando a coisa andava feia. Não foi o suficiente para mantê-lo no line up, por isso ele resolveu que deveria levar consigo o nome Grave Digger quando foi chutado. A justiça não concordou, e ele acabou criando o Rebellion, que nada mais é que uma continuação natural daqueles três álbuns do “coveiro”.

Outro caso de renome aconteceu com os ingleses do Saxon. Em 97, o guitarrista Graham Oliver e o baixista Steve Dawson, ambos fora da banda desde 95 e 86, respectivamente, registraram para si mesmos o nome Saxon. E, chegaram a se apresentar pela Inglaterra como Saxon. Peter "Biff" Byford, vocalista e um dos principais nomes do metal inglês, foi atrás de seus direitos e, em 2003, a justiça lhe concedeu o parecer favorável. A dupla então não teve alternativa, e acabou lançando um bom álbum sob o nome Son Of A Bitch, que foi ouvido por apenas um punhado de gente.

Aconteceu também o bizarro caso de demissão de Infernus, fundador da infame Gorgoroth, banda norueguesa de black metal, pelo vocalista Ghaal e o baixista King ov Hell. Ghaal e King registraram o nome e logotipo da banda e saíram em turnê sem o membro fundador. Meses depois, após milhares de formações, discussões e acusações através da imprensa especializada, e até um caso de homossexualismo, a justiça definiu o óbvio: Infernus não poderia ser demitido da banda que criou, a não ser que ele próprio desejasse sair, o que não foi o caso. Ghaal e King formaram então o God Seed, mas logo depois o vocalista decidiu abandonar o heavy metal.

Atualmente o caso que ganha destaque sob os holofotes é a demissão de dois membros do Dimmu Borgir, o baixista e vocalista ICS Vortex e o tecladista Mustis. E a separação não foi nada amistosa, já que a dupla logo saiu acusando os ex-colegas de terem se aproveitado da criatividade do tecladista, que conta com um advogado para conquistar seus devidos direitos. Por sua vez, os membros restantes emitiram um comunicado vergonhoso, criticando a atitude dos ex-membros através de picuinhas e ofensas subentendidas. Enfim, algo lamentável das duas partes.

Mais vergonhoso que tudo é ver que uma banda de black metal, cujos membros se apresentam com maquiagem e fantasias (já que não vivem daquela forma...) e respondem por “nomes artísticos” de gosto duvidoso, letras sobre o diabo e temas relacionados, deixa ir à internet uma série de desentendimentos cujo real motivo é punhado (ou seria um monte?) de dinheiro. Onde está a undergroundelidade disso?

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