sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Amorphis e Children Of Bodom, Via Funchal, 12/09/2009


Esta não é uma resenha de show comum. Não será completamente estranha também, no entanto. Só digo isso pelo fato de que comentarei apenas a apresentação da banda de abertura (ou a banda convidada especial, como alguns preferem), deixando o show principal para os veículos profissionais ou para os fãs mais inspirados.

E quais os motivos disso? Um dos motivos é que a banda principal, a finlandesa Children Of Bodom, já passou outras vezes pelo Brasil e, embora tenha feito um show correto com grande parte de seus clássicos, não foi exatamente uma grande apresentação. Não foi ruim, leiam bem. Só não foi uma noite particularmente inspirada de Laiho, Wirman & Cia.

O outro motivo é que a convidada especial era o Amorphis, também da Finlândia.

Não posso dizer que essa primeira passagem do Amorphis no Brasil tenha sido aguardada por incontáveis fãs. Na verdade, era visível que poucos presentes no Via Funchal realmente conheciam a banda e estavam lá exclusivamente por causa dela. Fora isso, o som do Via Funchal não colaborou, fazendo com que muitos detalhes das músicas se perdessem por falta ou excesso de volume. Mesmo assim, quem foi lá exclusivamente pelo Amorphis saiu quase 100% satisfeito.

A performance da banda é algo perfeito. Todos estavam visivelmente felizes por tocar no Brasil, o que se refletiu em uma apresentação bastante simpática, liderada por Tomi Joutsen, o vocalista que alguns criticavam, mas que, após esse dia, todos passam a aceitar. Ótimo cantor, melhor ainda como urrador, Joutsen foi perfeito tanto nas músicas mais antigas quanto nas mais recentes e já gravadas originalmente por ele.

O set list foi outro grande destaque da apresentação. Ao invés de se basear nas composições mais novas, priorizando o novo vocalista, a banda realmente pensou em seus fãs e trouxe algumas composições dos primeiros álbuns da carreira, fazendo um misto das fases antiga e atual. É bem perceptível que ao vivo as músicas mais novas soam melhor, pois são razoavelmente mais simples, enquanto muitos dos detalhes das mais antigas acabam se perdendo ao vivo. Mesmo assim, a banda superou essa diferença com performance e vontade.

O show começou com Leaves Scar, do Eclipse (06), seguida de Towards And Against, do Silent Waters (07) e Sampo, do novo álbum Skyforger. Alone, do Am Universum (01) foi a representante da fase intermediária da banda, seguida da grande surpresa On Rich And Poor, do Elegy (96). The Smoke, grande hit do Eclipse finalizou a primeira metade do show, e até aí os fãs já estavam bastante satisfeitos, e esperançosos, pois a banda estava mandando um set list bastante interessante.

The Castaway foi realmente um grande presente para os fãs. Eu mesmo não esperava algo do Tales From The Thousand Lakes (94), segundo álbum da banda. E, mesmo que esperasse, não apostaria nela. Silver Bride, também do novo álbum antecedeu um dos pontos altos do show, a dupla My Kantele e Against Widows, ambas do Elegy. E a parte final da apresentação ficou para House Of Sleep, do Eclipse, e a perfeita Black Winter Day, grande clássico dos primórdios, presente no Tales From The Thousand Lakes.

É preciso dizer que o set list não foi exatamente balanceado, pois não apresentou músicas de três dos nove álbuns da banda. No entanto, o equilíbrio entre a fase inicial, intermediária e atual foi preciso, com músicas ícones de suas respectivas fases e que já não eram mais apresentadas ao vivo. Black Winter Day, My Kantele, Alone soaram perfeitas ao lado de The Smoke ou Silver Bride, faixas mais recentes e com um acento mais "leve", o que comprova a força de uma banda dona de composições carismáticas e atemporais.

O saldo foi muito positivo e, mesmo com problemas técnicos com o som, que quase sumiu com o belo solo de teclado de Black Winter Day, os fãs acreditam piamente num retorno do Amorphis ao Brasil numa próxima turnê. Dessa vez, no entanto, com um show completo, com músicas de todos os álbuns e, mais importante, sem ser convidada especial de ninguém. Ainda mais do Children of Bodom.


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