sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Skyclad, In The... All Together


Antes de comentar sobre In The... All Together é preciso que todos entendam o meu ponto de vista sobre o Skyclad. E meu ponto de vista difere daquele que tem aparecido em alguns fóruns e resenhas em veículos de comunicação especializados em heavy metal, que diz que sem Martin Walkyier não existe Skyclad.

Desde que o trio Walkyier, Steve Ramsey (guitarra) e Graeme English (baixo) se juntou para dar vida ao Skyclad, duas coisas se tornaram características daquela que viria a se tornar a maior dentre as praticantes do então chamado folk metal, rótulo que desde os primórdios nunca fez jus à música dos ingleses. A primeira dessas duas características é o próprio Martin Walkyier, com sua voz ímpar e uma criatividade acima da média em letras que abusavam da acidez, com metáforas e vocabulário sem iguais no meio.

A segunda característica e, para mim, a principal delas, é a música, fruto principalmente de Steve Ramsey, com boas participações de English, outros músicos que transitaram pela banda no decorrer dos anos e, em menor quantidade, Walkyier. Aquele rock & roll metalizado, com alguma influência de punk, e o toque marcante do violino, acentuando a faceta folk, desde o primeiro álbum praticamente demarcou os limites de um estilo que hoje é copiado e influencia músicos mesmo fora do continente europeu.

Com a saída de Walkyier, em 2001, o Skyclad se viu sem uma de suas duas principais características, pois o vocalista levou consigo suas letras e seu estilo único de cantar. Uma mudança que os fãs sentiram, sobretudo em 2004, com o lançamento de A Semblance Of Normality, primeiro trabalho sem Walkyier, e com o guitarrista Kevin Ridley assumindo as letras e os vocais. O álbum realmente ficou (um pouco) abaixo da qualidade que a banda vinha mantendo até então, e era sensível o abalo causado pela maior de suas mudanças de formação até então. Mas não totalmente, pois as boas músicas estavam lá, apenas o vocal é que não parecia adequado.

No entanto, a banda continuou adiante e In The.. All Together, lançado oficialmente em maio desde ano, já pode ser colocado lado a lado com os grandes álbuns da banda. E digo isso com a certeza de que Ridley, já adaptado à função de cantor, se mostrou a escolha certa para o posto, pois consegue chegar próximo ao estilo de Walkyier, mas sem abandonar suas próprias características, tornando-se mais do que um substituto, mas um novo vocalista de fato.

Fora isso, Ridley e Ramsey cuidaram para que o álbum tivesse composições de alto nível, algumas podendo ser alçadas à condição de clássicas em pouco tempo, com letras que não são tão particulares quanto as de Walkyier, mas que mantém com dignidade a tradição lírica do Skyclad, vide The Well-travelled Man. Além disso, a performance da banda como um todo está espetacular, o que mostra também o mérito do produtor italiano Dario Mollo.

O álbum não tem destaques negativos, desde a abertura com Words Upon The Street (que virou videoclipe), até o encerramento com a faixa título do álbum, o Skyclad mostra todas as suas qualidades, incluindo até mesmo algumas pequenas inovações interessantes. Babakoto, por exemplo, tem um início em que você fica esperando entrar a voz de Belle du Berry, vocalista do grupo francês Paris Combo.

A violinista Georgina Biddle também teu seu grande momento em Which Is Why. Talvez não só seu grande momento do álbum, mas uma de suas melhores performances desde que entrou para a banda, em 94. Já em Modern Minds e o grande destaque é o baterista Arron Walton, “novato” da banda.

In The... All Together é um grande álbum, um dos melhores da carreira do Skyclad e que merece mais do que audições desconfiadas e preconceito com o novo vocalista. Sobretudo porque ele indica que a banda continua no caminho correto e que ainda tem muito a oferecer aos seus fãs. O que, infelizmente, ainda não pode ser dito de Walkyier.

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