domingo, 8 de janeiro de 2012

Forbidden, o último disco do Black Sabbath


O final de 2011 trouxe a notícia de mais uma reunião do Black Sabbath. Sim, a formação original se reuniu e, para 2012, promete um disco novo de músicas inéditas (com produção de Rick Rubin) e uma turnê mundial. Provavelmente tudo isso será seguido por uma nova separação, mas isso, embora bastante rotineiro na história da banda, já é outra fábula.

E esse anúncio de um disco de músicas inéditas do Black Sabbath fez minha memória funcionar. Com exceção feita à meia dúzia de músicas lançadas em discos ao vivo e coletâneas (se não me engano em Reunion, de 1998, e em The Dio Years, de 2007), o Black Sabbath não apresenta um trabalho inédito desde o altamente desvalorizado Forbidden, de 1995.

E é em Forbidden que eu queria chegar. O último álbum de verdade do Black Sabbath. Curiosamente, um disco que eu tinha acabado de redescobrir, após muitos e muitos anos sem ouvi-lo.

Lançado pela I.R.S. Records, Forbidden tinha em sua formação apenas Tony Iommi da formação original, ou seja, aproximadamente 60% do Black Sabbath (sim, é a minha matemática aplicada aqui). No baixo estava o experiente Neil Murray; na bateria o igualmente rodado Cozy Powell. E, no vocal, o contestado Tony Martin, que embora não fosse 100% aceito pelos fãs, fazia seu melhor em interpretações bem condizentes com as músicas do disco.

E hoje em dia me pergunto o porquê de Forbidden ser um álbum tão obscuro na discografia da banda. Ele tem muitas das características clássicas do Black Sabbath, além de diversos outros acréscimos. Mas, obviamente, a participação de Ice-T em The Illusion Of Power, além do descontentamento com o resultado final do disco de alguns dos próprios membros da banda à época (sobretudo com relação à produção de Ernie C, realmente abaixo da média) ajudaram a formar sua má reputação.

Mas é uma reputação merecida? Eu acredito que o tempo desgastou os fatores inerentes à época e que hoje o disco pode ser visto como um belo trabalho de uma das formações mais interessantes que o Black Sabbath já teve. Afinal, essencialmente, um bom disco é aquele formado por boas músicas. E isso Forbidden tem.

A primeira delas, inclusive, é a já citada The Illusion Of Power, com seu andamento extremamente carregado e sombrio, mostrando aquele Black Sabbath que é a base em que se formou o doom metal. Diga-se de passagem, Ice-T mal aparece na música, fazendo apenas alguns backing vocals e uma passagem narrada curta.

Tony Iommi, como sempre, mantém a fama de mestre dos riffs com alguns realmente memoráveis, como em Get A Grip, Shaking Off The Chains e Sick And Tired (essa também com um solo muito bonito). Um bom gosto que, por si só, já é quase garantia de qualidade.

Outro ponto alto é a bela participação do finado Cozy Powell, acrescentando pedais duplos bem utilizados aqui e ali, expediente não muito comum na discografia do Black Sabbath.

Enfim, embora tenha muitas qualidades, Forbidden ainda é desconhecido pela grande maioria, mesmo com a facilidade que a internet oferece. E, mesmo se tratando de um disco que merecia ser lembrado mais vezes pelo fãs do Black Sabbath, em breve perderá sua maior característica, que é ser justamente o último disco de músicas inéditas da banda, entrando cada vez mais num esquecimento forçado e injusto.

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