quinta-feira, 23 de junho de 2011

Rage em Sampa, 19/06/11


O Brasil tem recebido uma quantidade enorme de shows internacionais. E dois efeitos são observados graças a isso. O primeiro é a diminuição do público; é visível que menos gente tem ido aos shows, mesmo quando os preços não são tão exorbitantes assim. Com tanta oferta o público acaba se dividindo entre as opções naquela semana (ou mês).

O segundo efeito é que o público que comparece a um determinado show é composto, em sua maioria, de fãs e grandes apreciadores da banda ou artista que lá está se apresentando. E é engraçado notar que, mesmo com um número menor de pessoas, esse público seleto consegue se fazer presente com tanta força quanto uma multidão.

Estou comentando sobre isso porque foi exatamente o que pude notar no show do Rage, que rolou no último dia 19, no Carioca Club, em São Paulo. Não tenho números oficiais, mas acredito que o público daquela noite de domingo não ultrapassou setecentos presentes. Mas que, mesmo assim, curtiram o show de tal maneira que faziam a impressão de termos um público bem acima dos mil.

E o Rage correspondeu? Se pensarmos friamente, não. O show foi curto, com um set list que priorizou demais os dois últimos lançamentos, e presenciamos até um trainwreck numa das músicas mais obrigatórias dessa fase atual da banda.

Por outro lado, mesmo com todos os fatores negativos, Peavy, Victor Smolski e Andre Hilgers estavam claramente estupefatos e felizes com seu público. Eu nunca havia presenciado tamanha felicidade dos membros de uma banda em cima de um palco. Eles rivalizavam com o próprio público. Era como se eles também tivessem esperado tanto tempo para nos rever. E o encontro dessas duas situações, uma banda satisfeita por estar aqui, e um público seleto de fãs e admiradores, gerou um grande evento.

O início, com The Edge Of Darkness, Soundchaser e Hunter And Prey, já mostrava que Smolski estava inspirado. O russo estava insano no palco, sorrindo o tempo todo e interagindo o tempo todo com seus colegas de banda e o público. E Peavy, sempre simpático ao extremo, chegou a comentar que era impressionante o quanto nós conhecíamos as letras das músicas, inclusive melhor do que ele mesmo, fazendo alusão a um pequeno deslize que cometeu em Hunter And Prey.

Into The Light foi impressionante ao vivo, uma das melhores composições de Smolski em sua carreira no Rage. Drop Dead, Empty Hollow, Set This World On Fire, War Of Worlds e Carved In Stone, todo o set list baseado nos últimos discos de studio da banda (embora Speak Of The Dead tenha sido completamente ignorado), até que Peavy anunciou “some old stuff”. Daí vieram aquelas versões mezzo-medley de Solitary Man e Black In Mind, que foram ótimas, mas que poderiam ter rolado inteiras dessa vez.

Quando Peavy anunciou Down o público vibrou imensamente e pareceu nem se importar quando as coisas se confundiram no meio do solo. Down terminou de um jeito que nunca havia terminado antes, com solos de guitarra, baixo e bateria. Tudo em meio a muito apoio do público, que gritou e cantou o tempo todo. Ao final, com Peavy de olhos arregalados e Smolski rindo absurdamente no palco, via-se que nada mesmo poderia atrapalhar aquele show.

Higher Than The Sky era o final planejado e o que todos esperavam. Todos queriam cantar o refrão e impressionar a banda. E foi o que aconteceu. Mas não era o final ainda, e depois de tocar várias intros de músicas famosas (entre elas Run To The Hills, We’re Not Gonna Take It e Painkiller), o Rage terminou seu show com Highway To Hell, como vem fazendo em algumas apresentações em festivais e no cruzeiro 70.000 Tons Of Metal.

Em meio a elogios de “melhor público de um ano e meio de tour” e promessas de começar a próxima turnê em São Paulo, o trio deixou o palco completamente satisfeito. E o público, que ainda pediu por Don’t Fear The Winter sem ter sido atendido, também saiu satisfeito, pois assistiu a um show que tinha tudo para ser péssimo, mas que foi excepcional.

Nenhum comentário: