segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Disco Clássico: Queen - Jazz (1978)


Quando o Freddie Mercury morreu, eu me lembro que teve uma reportagem sobre ele na globo, no jornal hoje. a reportagem encerrava meio que usando a 'Love Of My Life' como a música que o definiria, como a música que seria a sua cara. Como quase tudo que a globo faz, isso foi uma grandíssima asneira. Se existe uma música que possa definir Freddie Mercury, essa música só pode ser 'Don´t Stop Me Now'. que além de ser uma puta música, tem tudo a ver com alguém que parece estar vivendo um eterno episódio maníaco.


Essa é a penúltima música do álbum Jazz, sétimo do Queen, de 1978. A história do rock mostra que não é tão comum uma banda que mantém a criatividade até o sétimo disco, mas eu posso afirmar que, num caso raro, o Queen manteve, porque talvez este seja o melhor disco que eles lançaram.  
É o disco que tem 'Fat Bottomed Girls' e 'Bicycle Race', duas das canções mais conhecidas da banda. Mas tem muitos outros atrativos nesse disco, músicas até melhores que estas. até o Roger Taylor, o compositor mais fraco dos quatro, se dá bem numa música, 'More Of That Jazz', que é tão boa que faz a gente até suportar a voz horrorosa dele (o que é impossível na 'Fun It', uma baboseira disco de quinta categoria, que não merece o disco em que está). John Deacon aparece com duas composições maravilhosas, a divertida 'If You Can´t Beat Them' e 'In Only Seven Days', curta, bonitinha e falando de amor na praia. linda, não? é como se fosse uma versão boa da 'Hoje a Noite Não Tem Luar', música do Menudo que a Legião Urbana regravou (aquela 'ela passou do meu ladú...').

Brian May trouxe a já citada 'Fat Bottomed Girls', onde prenuncia o Funk carioca, tecendo loas às popozudas, 'Leaving Home Ain´t Easy' (cantada por ele), que lembra Beatles, até pelo tema semelhante ao de 'She´s Leaving Home', 'Dreamer´s Ball', com um jeito de balada das antigas, de big band, , e o rockão 'Dead On Time', que é uma injustiça não ser reconhecida entre os grandes clássicos da banda. Puta riff, Freddie detonando e backing vocals no melhor estilo da banda.

E as composições de Freddie Mercury? As músicas do cara são um show à parte. Tem a 'Don´t Stop Me Now', é claro. Sem maiores comentários, that´s why we call him Mr. Farenheit. 'Mustapha', que abre o disco, é uma brincadeira criativa pra cacete, misturando rock pesadão com música do oriente médio, e, é claro, tem a letra cantada em embromárabe. 'Bicycle Race', é a música mais bizarra e com tema mais nada a ver que já fez sucesso sem ser ruim. Impressionante como alguém pode compor uma música como essa. 'Let Me Entertain You', rock do bom, e,por último, a minha favorita do disco, que não é das pesadas, mas uma baladinha que nem tem guitarra, 'Jealousy'. a interpretação do cara nessa música é demais, coisa de louco. É a letra, em que uma pessoa dialoga com seus próprios sentimentos (com o ciúme, mais especificamente) é das melhores.

Um cara da revista Roadie Crew entrevistando a Lana Lane, por ocasião do lançamento do disco de covers dela, sugeriu que ela futuramente gravasse 'Jealousy' (nesse disco ela gravou 'Don´t Try So Hard', do Innuendo). Eu já acho que não ia ficar bom, fora que seria um sacrilégio. Mas o mais estranho seria ela cantando 'I wasn´t man enough / to let you hurt my pride / now i´m only left with my own lealousy'. Eu, hein.

(Texto velho, escrito em agosto de 2005)

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